Publiquei ontem uma mensagem relativa ao temporal que, inesperada e intensamente, afectou todo o distrito de Viana do Castelo e provocou a primeira enchente do Rio Coura no pós verão 2010.
Hoje, ainda com muita corrente mas com as águas retornadas ao seu leito natural, o que se verifica?
- continuação de enorme quantidade de troncos, galhos e ramada de árvores presos à ponte medieval (até parece existir superior quantidade que ontem mas deverá tratar-se apenas de uma maior visibilidade provocada pela descida da água, que encobria uma boa parte do material lenhoso);
- o aparecimento, a jusante e nas proximidades do açude da levada, de uma imensa quantidade de espuma esbranquiçada que, tudo indica, deve ser provocada pela descarga na corrente do rio de grandes quantidades de produtos, eventualmente de limpeza, ignoro quais mas, em termos de benefícios para o meio ambiente e qualidade da água não devem acrescentar nada, antes pelo contrário.
Ora, se a primeira questão não se me afigura preocupante, basta remover a lenha, já quanto à segunda não posso dizer o mesmo. Trata-se de mais um fenómeno recorrente, que acontece com grande regularidade nos períodos de maior caudal do Rio Coura (provavelmente para que os seus impactes negativos sejam mais disfarçáveis), afectando não só este rio como o próprio Minho, onde desagua e o mar, já que ambos desembocam as suas águas na bela costa marítima com praias como, por exemplo, a de Moledo, bem junto à foz.
A problemática da poluição no Rio Coura é uma questão muito antiga e complexa, que envolve múltiplas componentes e variantes e, claro, também muitos interesses. Até por isso deveria merecer bem mais atenção das várias entidades oficiais a quem, de algum modo, compete intervir nesta área, só que, lamentavelmente, parece haver pouco ou nenhum empenho das mesmas em ir ao fundo das questões.
Fazem-se umas análises de quando em quando, dão-se umas respostas ambíguas para tranquilizar e calar as pessoas quando o impacto é mais escandaloso (como nos casos bem frequentes da morte de milhares, ou milhões, de peixes), mas fica-se sempre pela rama, culpando, em regra, a natureza, essa sim uma grande irresponsável. O que fez, até hoje, a Câmara Municipal (este como os anteriores executivos) para pressionar e obrigar quem de direito a tomar medidas adequadas no sentido de se saber, numa primeira fase, o porquê das coisas e, numa segunda, que soluções se podem encontrar?
Hoje mesmo dei conhecimento à Sra Presidente da Junta do que se está a passar. Sei que esta entidade nada pode fazer a não ser informar, denunciar, pressionar, exigir, mobilizar a população se for o caso. Se fizer isso não faz mais que a sua obrigação, mas já é muito. O Rio Coura é demasiado importante para a freguesia e para o concelho e não podemos permitir que seja votado ao abandono. As fotos que anexo foram obtidas às 13H00 da tarde de hoje, dia 4 de Outubro mas, no momento em que escrevo estas linhas, pelas 18H00, o aspecto da água continua o mesmo.
Voltarei em breve ao tema da poluição do rio, até porque a questão da morte dos peixes ocorrida a 29 de Julho parece que tende a ficar no rol do esquecimento, uma vez mais.
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