VILAR DE MOUROS SEMPRE

Blogue que visa a promoção e divulgação de Vilar de Mouros, sua cultura, seus interesses, necessidades, realizações e suas gentes, mas que poderá abordar também outros temas, de ordem local, regional ou mesmo nacional.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Cheia no rio Coura - afundamento de jeep

Volto ao mesmo tema da cheia no rio Coura apenas para colocar um curto vídeo onde se pode apreciar como o excesso de confiança, falta de bom senso, ou chamem-lhe lá o que quiserem, conduz, quantas vezes, a situações graves, que põem em causa a própria vida. Este pequeno vídeo encontra-se publicado, como referi na mensagem anterior, no facebook e é da autoria de um jovem seixense, com o qual consegui falar hoje e que, tal como eu, considera que este tipo de situações merecem a mais ampla divulgação, como forma de chamar as pessoas à razão e evitar casos semelhantes no futuro. Assim, tendo conseguido fazer o seu download e após uma pequena edição, que se limitou, no essencial, a cortar pequenas passagens com uma linguagem pouco apropriada para publicação, mas perfeitamente compreensível para quem viveu, em direto, momentos de grande intensidade emocional, deixo aqui uma breve filmagem , de pouco mais de um minuto, com os meus sinceros agradecimentos ao seu autor, Marcelo Malheiro.

Cheia no Rio Coura

Arcos quase totalmente tapados
A invernia, com vento e chuva muito intensos, atingiu Vilar de Mouros nos dias 13, 14 e 15 de Dezembro, com especial incidência nas 24 horas do dia 14, em que a freguesia esteve dividida ao meio e parcialmente isolada. Isto deveu-se, sobretudo, à subida das águas do Rio Coura mas também às fortes enxurradas que, escorrendo das vertentes montanhosas circundantes, em caudais bem mais volumosos que antes da construção da A 28 atraves-
savam, em vários pontos, com impetuosidade, vias de comunicação vicinais, municipais e a própria EN 301.
 
Relembro que houve quem alertasse para este, e outros perigos, na altura própria, pela eliminação que aquela obra acabaria por provocar de muitas linhas de água que fluíam, bem mais suavemente, em direção ao rio. Infelizmente, nem todos remaram para o mesmo lado, havendo  quem  privilegiasse o mais barato, se estivesse
Bar das azenhas.
marimbando para as consequências e ainda acusasse os que pediam uma auto-estrada melhor, de não quererem nenhuma.

Bom… que eu me apercebesse, pois é provável que o tenha feito também noutros locais, a GNR cortou o trânsito, através da colocação de umas fitas próprias atravessando a via, na Estrada da Ponte, de ambos os lados da ponte medieval, na EN 301, junto ao cruzamen-
Mesas de pedra submersas. Ao fundo o que sobra das azenhas
to de Argela e ainda na Estrada Municipal 517, que liga Vilar de Mouros ao lugar de France, da vizinha freguesia de Sopo, logo a seguir ao caminho da Aveleira.

Embora sem o impedir mas dificultando a passagem automóvel, a água cobriu ainda troços de estrada e caminho em vários outros locais, de que destaco o sítio de Riadouro, na Estrada da Cavada, por ter, ainda bem recentemente, sido objeto de importante beneficiação e alteamento do piso.
Vista do palco do Casal
 Foi uma cheia que esteve ao nível das maiores registadas nos últimos dez ou vinte anos mas, ainda assim, abaixo uns 50 ou mais centímetros, da maior de que há memória, julgo que em 1987.

Danos materiais houve, pelo menos e que eu saiba, um jeep afundado e aluimentos de terra e muros, sendo o mais grave precisamente o que também me toca na pele (ando em maré de sorte…dois dias antes haviam-me furtado a carteira e o TM), já que o muro de suporte de um terreno meu foi parar a meio do piso da EN 301, mesmo por baixo da casa onde resido.

Danos pessoais não houve, felizmente, mas podia ter havido e com gravidade: o condutor do tal jeep atreveu-se a tentar atravessar a estrada de acesso à ponte, junto ao Largo do Casal, com a água ainda bastante alta, pelas 17H30 do dia 14, praticamente já de noite e…saiu-se mal.  Acabou por ter sorte e  escapar  ileso mas a sua vida correu sérios riscos quando a viatura onde seguia, ou arrastada pela corrente ou por desorientação sua, fácil de
acontecer quando escas- seiam pontos de referência, caiu a um rego fundo, bem próximo da ponte, ficando quase totalmente submer- sa. Segundo informações, salvou-se ao conseguir partir o vidro da única parte que ficou fora de água, a traseira, saindo por aí após o jeep ter estabilizado e mantendo-se agarrado ao mesmo durante bastante tempo, até à chegada dos bombeiros, que o resgataram.

Junto algumas fotos sendo que uma delas, onde aparece o condutor temerário em situação muito complicada é da autoria de Humberto Mesquita, que a colocou no facebook e, apesar da fraca qualidade, devido à distância e falta de luz, ilustra com rara oportunidade uma passagem que podia ter acabado em tragédia. Já agora informo que circula também na Net um curto vídeo amador, da autoria de Marcelo Malheiro, que mostra todo o percurso do jeep até ao buraco onde caiu e “sossegou”. Porque o partilhei, podem vê-lo no meu mural do facebook (Basílio Barrocas) mas aconselho as pessoas mais sensíveis a certos termos de linguagem que…ponham sem som. rsrsrs
Veiga de Vilar de Mouros
 

EN 301, já em Argela
 

Por baixo das Alminhas da Ponte
 
Riadouro, na Cavada
 

EM 517, junto ao caminho da Aveleira
 
 Já em France, sob a ligação da A 28
 
Local onde foi parar o jeep
 
Aluimento de terras na EN 301
 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Feira de Natal no C.I.R.V.


Teve lugar nas instalações do CIRV – Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense, no domingo, dia 9, com início às 14H00, uma Feira de Natal, com a apresentação ao público, no corredor anexo ao salão de festas, de uma vasta  gama de artigos, desde doçaria às mais diversificadas peças idealizadas e produzidas por artesãos locais, com recurso à utilização de materiais como tecidos, madeira,  metais, papel, desperdícios de vária ordem e outros mas,  sobretudo, muita imaginação e arte, de que resultaram algumas peças simples mas de rara beleza, como se pode constatar pelas fotos que junto.
 
Não se tratando propriamente de uma novidade naquele local (já aconteceu uma ou mais vezes anteriormente), julgo que iniciativas como esta, talvez com uma maior amplitude e outro enquadramento, serão sempre de promover e apoiar, por razões várias:

- possibilitam o convívio entre vilarmourenses que, apesar de viverem próximo, raramente se encontram;

- dão alguma vida a uma associação que atravessa um período muito difícil, quase de inactividade, por razões múltiplas;

- potenciam o desenvolvimento e dão a conhecer habilidades e talentos de artistas populares, quantas vezes desconhecidos;

- permitem que, sobretudo numa época de grandes dificuldades, como a presente, e em vésperas do Natal,  pessoas da mesma localidade se possam encontrar e ajudar mutuamente, trocando ou adquirindo as tradicionais e inevitáveis “prendinhas” que, de outro modo, iriam ser compradas, se calhar com bem mais custos e menor qualidade,  a um hipermercado qualquer.
 

Assim, resta-me felicitar todos os intervenientes, desde a direção da coletividade à  principal dinamizadora da iniciativa, Paula Cubal Oliveira, aos artesãos-feirantes e ao público em geral, por terem dado corpo a uma ação que,  embora não muito participada, talvez por escassa divulgação, me parece de bastante interesse e oportunidade.





 
 
 
 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

OBITUÁRIO DE JOÃO VIOLANTE - Sentida homenagem do GEPPAV

Faleceu a 27 de Novembro de 2012, no lugar da Cavada, freguesia de Vilar de Mouros, na casa onde vivia com sua esposa, Maria Eduarda Covelo, João Sebastião Gonçalves, mais conhecido por Violante, nome familiar do lado paterno, aos 85 anos de idade.

Já bastante debilitado pelos múltiplos problemas de saúde de que padecia, continuou, mesmo assim e até ao último dia, a fazer uma vida o mais próximo possível da normalidade. Homem de caráter forte, as palavras desistência, ou rendição, não faziam parte do seu vocabulário. No dia anterior à sua morte ainda se deslocou, sozinho, no automóvel próprio, como sempre fazia, ao bar das azenhas, refúgio preferido dos seus momentos de meditação, melancolia, mas também de lazer e de convívio.
 
Nascido a 20 de Janeiro de 1927, dia de S. Sebastião (daí o seu nome), no lugar do Agrelo, desta mesma freguesia, filho mais novo e único varão de uma família de pequenos agricultores, começou, logo que cumprida a escolaridade obrigatória, na altura a quarta classe, com doze anos de idade, por ajudar sua mãe e as três irmãs nas bem duras tarefas do campo. Cedo, porém, mudou de rumo.
 
Correndo-lhe nas veias o sangue dos Gonçalves, família de muitos e bons estucadores, após uma curta passagem pela construção civil, ainda em Caminha, onde deu os primeiros passos na aprendizagem do estuque, partiu, aos dezoito anos, para Lisboa, onde se manteve até aos vinte e cinco, trabalhando na arte e frequentando, ao mesmo tempo, um curso de quatro anos na escola António Arroio. Com os conhecimentos aí adquiridos e possuindo uma apetência e habilidade inatas tanto para o desenho como para a moldagem (há baixos-relevos seus no bar das Azenhas, em sua casa, na parede exterior da Junta de Freguesia e do Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense) é de supor que viesse a ter uma carreira de grande sucesso nessa área, não fossem os graves e recorrentes problemas de pele que estiveram na origem do seu prematuro regresso à terra natal.

Virou-se então para a cerâmica, primeiro numa breve passagem pela oficina de António Pedro, em Moledo, onde trabalhou com Vitor Barrocas, e depois na fábrica de louça da Meadela. Mas também esta atividade foi de pouca dura. Dada a fraca compensação remuneratória para tanto esforço despendido (tinha de se deslocar diariamente, a pé e de comboio, de casa para o trabalho) e também por conselho médico, abandonou, em 1960, tendo optado por se estabelecer por conta própria, como pequeno comerciante, profissão que exerceria até se reformar.

Homem de convicções, dinâmico, corajoso, de grande firmeza de caráter, muito sensível às desigualdades e injustiças sociais, foi com enorme entusiasmo que assistiu à queda do regime fascista em 1974, tornando-se militante do Partido Comunista Português e desempenhando um papel muito interventivo na vida cívica, associativa e política vilarmourense.

Foi vice-presidente do C.I.R.V. – Centro de Instrução e Recreio Vlarmourenses, desempenhou funções na Comissão de Moradores local, na Cooperativa Agrícola Vilarmourense e no Conselho Diretivo de Baldios. Em termos estritamente políticos cumpriu dois mandatos como deputado da Assembleia de Freguesia e um terceiro como tesoureiro da Junta, de 1989 a 1993, sempre em representação da coligação integrada pelo PCP.

O seu gosto pela escrita, sobretudo pela poesia, o amor à sua terra e, muito em particular, ao Rio Coura, aliados a um espírito observador, crítico, por vezes mordaz, e a uma alma apaixonada, transbordante de emoções, fizeram com que fosse rabiscando, durante largos anos, ao sabor da inspiração do momento, pequenos textos, em prosa e em verso, em folhas soltas que, compiladas, acabariam por dar origem a um pequeno livro de sua autoria, intitulado “Lírica Vilarmourense”, editado em Novembro de 2010 e oferecido aos amigos e camaradas.

Foi a sepultar no cemitério de Vilar de Mouros, no dia 28 de Novembro de 2012, pelas catorze horas, com a bandeira do PCP a cobrir a urna, conforme sua vontade expressa.

Com este obituário, o Grupo de Estudo e Preservação do Património Vilarmourense presta uma sentida homenagem a João Violante, a quem fica a dever uma continuada colaboração e ajuda no sentido da preservação da história de Vilar de Mouros e da memória do seu povo.
                                    
    GEPPAV