VILAR DE MOUROS SEMPRE

Blogue que visa a promoção e divulgação de Vilar de Mouros, sua cultura, seus interesses, necessidades, realizações e suas gentes, mas que poderá abordar também outros temas, de ordem local, regional ou mesmo nacional.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

As armadilhas funcionam

Na Estrada Nacional 13, em Seixas, no curto espaço de onze dias, aconteceram dois graves acidentes de viação. Do primeiro, a 11 de Dezembro, há a lamentar a morte trágica de um grande vilarmourense, meu bom amigo e familiar, o Manuel Costa; do segundo, ocorrido a 22 do mesmo mês, sei que, pelo menos uma pessoa foi transportada no carro do INEM para o hospital, desconhecendo-se a gravidade do seu estado e há ainda a registar avultados danos materiais em dois veículos.

Bom, é verdade que estas coisas acontecem e Seixas tem sido
 palco, desde há vários anos, de múltiplos acidentes, envolvendo a morte de várias pessoas. Só que estes dois últimos, quanto a mim devem-se, se não na totalidade pelo menos em grande parte, sobretudo o primeiro deles, a autênticas armadilhas de trânsito aí existentes. Explicando melhor:

1 - O acidente mortal do dia 11, embora não havendo testemunhas, pelo menos que se saiba, só tem uma explicação lógica: o motociclista, já de noite e com má visibilidade devido à queda de uma chuva miudinha, terá sido levado ao engano pela inexistência de qualquer sinalização a indicar uma extensa zona de
 estacionamento há tempos criada entre o Largo de S. Bento e o cemitério de Seixas, do lado direito da via, no sentido norte / sul. Assim, encostando à direita, como mandam as regras de trânsito, só se terá apercebido do logro quando lhe surgiu pela frente o passeio que põe fim, abruptamente, a essa área. Já era tarde e, embatendo aí com, pelo menos, uma das rodas, que ficou muito danificada, perdeu o equilíbrio e caiu uns metros mais à frente, desamparado, em plena via. Uma das fotos que junto, assinalada com o número 3, é bem demonstrativa da inexistência de sinalização adequada no local e de como é fácil confundir-se o espaço para parqueamento com uma outra faixa de rodagem. Nessa foto como nas  numeradas com 1 e 2 pode ver-se, e está assinalado com setas, a pedra do passeio
 lascada em mais que um sítio, resultado deste e de outros acidentes que, garantiram-me, já aí ocorreram antes, embora de bem menor gravidade.

2 – A colisão do dia 22 aconteceu no lugar denominado Alto da Veiga, a escassas centenas de metros, nos semáforos que foram colocados no entroncamento da EN 13 com a Estrada de Marinhas e a Rua das Pedras Ruivas. Foi um choque com alguma violência, tendo o veículo maior, um jeep, abalroado o que estava à sua frente, destruindo-lhe a parte traseira. Quando
 passei, por acaso, no local, estavam a colocar alguém, que posteriormente foi transportado na ambulância do INEM para o hospital, numa maca. Mais não sei, espero que não tenha sido nada de grave, mas o que me interessa aqui é comentar a inoportunidade da colocação daqueles semáforos. É que, tal como estão, e esta opinião não é só minha mas de muitos utentes da via, acho que seria, por várias razões, bem mais sensato deixar estar como estava. Assim:

a) O fluxo de trânsito nesse local é incomensuravelmente superior na EN 13, o que leva a que se formem frequentes e longas filas de automóveis nessa via, sobretudo em períodos de maior afluência de
 tráfego, enquanto fica verde, alternadamente, na Estrada de Marinhas ou na Rua das Pedras Ruivas, mesmo sem que haja carros daí provenientes; é quase impossível passar, hoje, nesse ponto, sem ter de se parar, o que era excepcional anteriormente;

b) A localização dos semáforos fica muito próxima de uma curva que os antecede, no sentido Caminha / Seixas e, embora exista sinalética a obrigar à redução de velocidade, primeiro para 70 Km/h, depois para 50 e 40, acontece que, por vezes, os últimos carros das filas formadas surgem aos olhos do condutor de repente e em plena curva, “em cima” desses sinais, bastando uma pequena distracção para que possam acontecer acidentes de consequências
 imprevisíveis, até porque a recta que precede a dita curva convida a alguma velocidade. Aliás, segundo informações, já houve outros acidentes nesse local depois da, ainda recente, colocação dos semáforos, o que deveria fazer reflectir quem de direito, antes que haja a lamentar novas tragédias.

A concluir só quero fazer uma pergunta aos senhores que definem as prioridades na Estradas de Portugal, S.A: então há carradas de dinheiro para colocar semáforos de, no mínimo, duvidosa utilidade (eu acho que, ali, é não só inútil como contraproducente), e não há uns míseros euros para sinalizar, seja com uns reflectores, uns simples traços transversais no piso ou mesmo a alteração da sua cor,
 um espaço que, não tendo carros estacionados ( e raramente tem), se transforma em verdadeira armadilha mortal por parecer uma outra faixa de rodagem? Não dá mesmo para entender, ou, se calhar, até dá...coisas "insignificantes" não terão grande interesse!

Para além das três fotos que já referi junto outras cinco, sendo as duas primeiras relativas ao acidente do dia 22 (ocultei as matrículas dos carros e a cara das pessoas envolvidas), pretendendo com as restantes documentar e ajudar a explicar o que escrevi sobre a perigosidade do local.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

BOM NATAL E MELHOR ANO NOVO

Estamos quase no Natal, uma festa cristã na sua essência que, tendo no presépio a sua representação mais pura e significativa e sendo, tradicionalmente, uma quadra sobretudo de vivência e encontro, ou reencontro, familiar, acaba por ser também, quase que por magia, talvez por sentirmos o conforto da presença daqueles que nos são mais próximos, ou porque o espírito de Natal a isso conduz, o tempo de repararmos que, afinal, os outros seres humanos também são, de algum modo, nossos irmãos.
Isso é bom, muito bom, mas é uma lástima que não sejamos capazes
 de o ter presente nos restantes 364 (ou 5) dias do ano. Porque será? Não tenho a pretensão de encontrar respostas, até porque elas serão múltiplas e variadas, mas  se cada uma das pessoas que tiver a paciência de ler este pequeno texto se der ao trabalho de reflectir um pouco sobre essa questão, já dou o tempo que gastei a escrevê-lo como bem empregado.

Os políticos, então, começando nos do poder central, desde o Presidente da República ao Primeiro Ministro e  vindo por aí fora até aos municípios, são pródigos, nesta altura, na difusão de mensagens de amor, solidariedade, necessidade de justiça, igualdade , união, etc, etc. Que fazem nos restantes dias do ano?
 Uns, criam e promulgam leis que vão no sentido contrário ao que apregoam, promovendo as desigualdades, acentuando as injustiças, outros são bem conhecidos (as) pela  forma caciqueira e turbulenta de fazer política no seu dia a dia, com recurso a  expedientes como pressões, ameaças, perseguições e outros meios nada compatíveis, sequer, com os princípios básicos de uma salutar convivência democrática, quanto mais com o espírito de Natal que  tão bem sabem propagandear.

  Sei que a época é de paz e alguns dos que me estão a ler
poderão pensar que a altura não é a mais propícia para relembrar coisas tristes. Penso, exactamente, o contrário. É agora que é preciso recordar às pessoas, sobretudo às que têm responsabilidades de governação e de gestão dos bens públicos que, amanhã, nas suas decisões e nos seus actos, se devem lembrar das belas palavras que hoje proferiram.
  
Mas também nós, cidadãos comuns, não podemos lavar as mãos, como Pilatos, nem olhar apenas para o nosso umbigo. Vivemos numa sociedade onde todos dependem de todos e temos a obrigação de estar atentos, de olhar à nossa volta, de apresentar propostas, denunciar situações de injustiça e exigir a sua reparação. Por outro lado, quantas vezes, com um simples gesto ou uma palavra amiga e de conforto
 não poderíamos minorar o sofrimento de alguns com quem nos vamos cruzando no dia a dia mas aos quais, na prática, nos recusamos, por puro egoísmo ou comodismo, sequer, a reconhecer.

Se assim fosse, o Natal faria bem mais sentido e teria um outro alcance, independentemente de acreditarmos ou não na faceta religiosa que o envolve e está na sua origem. Tal como é, pode ser um bom pretexto para os políticos passarem belas, mas hipócritas, mensagens, uma excelente oportunidade para a promoção do turismo, para o desenvolvimento da indústria e do comércio (sobretudo das multinacionais e das grandes superfícies), para um esporádico reencontro familiar mas…sinceramente, parece-me pouco. Está nas nossas mãos que venha a ser diferente.

A todos os meus amigos e, em especial, aos seguidores, comentadores e habituais leitores deste blogue, desejo um bom Natal e que 2012 passe, tanto quanto possível, ao largo de uma crise que outros provocaram, alguns dela beneficiaram e muito, mas como de costume, vamos ser nós a pagar.  
                                                        Forte abraço

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Até as fossas andam cépticas


Tampo da fossa séptica e caixa recém construída, ao fundo

No boletim municipal on line da Câmara de Caminha, com data de 5 de Dezembro de 2011, sob o título genérico de “Funcionários Municipais beneficiam o concelho” e sub-título “Foco de poluição pública eliminado em Vilar de Mouros”, pode ler-se, e passo a citar: “Os funcionários autárquicos realizam um conjunto de intervenções no concelho de forma contínua. Hoje destacamos uma acção no Bairro da Ranha, na freguesia de Vilar de Mouros. Há algum tempo que o saneamento de uma fossa céptica transbordava e corria a céu aberto, no Bairro da Ranha, em Vilar de Mouros. Através de uma parceria com a Junta de
Caixa nova
Freguesia que permitiu que as tubagens passassem por propriedade da mesma, os funcionários do Município encaminharam o saneamento da dita fossa para um local apropriado, evitando a poluição pública”.

Isto é o que diz o boletim camarário.

Depois de mastigar bem (quase me engasgava) toda esta “informação” a ver se a mesma mereceria um esforço da minha parte para a elaboração de um pequeno comentário, acabei por decidir que sim. Porquê? Porque chamar a isto informação é brincar com a gente e com o nosso dinheiro.


Caixa antiga

Se não, vejamos:
1 – Para começar, estou muito céptico relativamente à existência de qualquer fossa CÉPTICA na freguesia. Deve haver confusão. Só se ficou céptica (incrédula, descrente) por ter estado tantos anos à espera de uma intervenção que nunca mais chegava, mas acho que quereriam dizer SÉPTICA. Com tantos doutores no município custa a entender um erro tão grosseiro como este mas, enfim…isso ainda é o menos.
2 – Depois, trata-se de uma informação interessantíssima, a começar pelo título. Realmente, qualquer pessoa ficará de boca aberta ao
Pormenor da mesma caixa - vazia
saber que “os funcionários municipais beneficiam o concelho” e, ainda por cima, realizam “intervenções… de forma contínua”! Isto é espantoso, bolas… eu sempre pensei que eram contratados para prejudicar ou, vá lá, para fazer uns biscates só de vez em quando, muito em especial em anos de eleições! Bom, ainda bem que fui esclarecido e, como eu, os vilarmourenses que, muito em particular, raramente vêem por cá os tais funcionários. Isto, note-se, no presente, porque nos quatro anos do anterior mandato, então, os trabalhadores municipais deviam estar proibidos de pisar solo vilarmourense, não fosse a “moléstia” pegar-se! E a responsabilidade não é deles, como é evidente.


Obra feita daqui (Tornicos) até à fossa


3 – Falando agora da obra em si, não se percebe o que se quer dizer quando se diz que a Junta de Freguesia permitiu que as tubagens passassem por propriedade sua e “os funcionários do Município encaminharam o saneamento da dita fossa para um local apropriado, evitando a poluição pública”. Mas que local apropriado?! Qual local?! Que se saiba não vai haver nenhum novo local ou nova fossa. Vai, pelos vistos, ser reorganizada e melhorada(para já apenas se começou e falta a parte mais difícil, junto ao agregado habitacional) toda a rede de caixas e de tubagens que conduz, ou devia conduzir, as sobras residuais das casas para a fossa já existente e que se encontra de tal forma inoperacional que
Caixa antiga - Caminho dos Tornicos
faz com que nada, ou quase nada, chegue ao seu destino, espalhando-se, antes, pelo espaço a céu aberto junto ao bairro. No último verão, segundo informação de residentes, o mau cheiro era simplesmente insuportável e as pessoas nem as janelas podiam abrir. Assim, o problema não se centra, como parece depreender-se da leitura do boletim, na fossa em si, mas na rede que a ela conduz.

Quanto à parceria com a junta, óptimo, venham muitas parcerias dessas que a freguesia bem precisa, até porque neste caso concreto a parte que lhe coube já era antes de o ser: os tubos e a fossa já estavam em propriedade sua.

Caixa antiga - Caminho da Ranha


A concluir resta-me felicitar o município por,
finalmente, ter começado a realizar um trabalho de interesse e inadiável, que é a melhoria do saneamento básico de um lugar com tantas carências, e a vários níveis, como é o Bairro da Ranha. Não posso, ao mesmo tempo, deixar de lamentar que o boletim municipal, como um órgão de informação oficial do concelho, pago por todos nós, pareça ter sido feito em cima do joelho, sem qualquer rigor informativo, e se tenha “esquecido” de referir que a fossa séptica em causa, apesar de se tratar de uma obra de saneamento básico e, portanto, da única responsabilidade do município, ficou a dever a sua construção e manutenção, durante muitos anos, à anterior junta, sendo que, de 2005 a 2009, nem para esse fim recebeu um cêntimo que fosse do executivo liderado pela actual presidente. São assim alguns dos ” democratas” eleitos pelo povo, que tratam de forma igual toda a
Caixa antiga - Caminho da Ranha
 gente: a uns muito igual, a outros pouco igual e a outros ainda, nada igual. Mas sempre igual, como é de bom tom e politicamente correcto.



A terminar uma última pergunta : afinal vai ou não vai haver rede de saneamento básico em Vilar de Mouros…e para quando? Não me digam que vai ter de ser a troika a exigi-lo!?

Junto algumas fotos do local onde se situa a fossa, talvez a uns 100 metros do Caminho dos Tornicos, para sul/nascente, de uma caixa recém construída no âmbito dos actuais melhoramentos e de outras antigas, já quase desactivadas pelas razões acima explicadas. 


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

2º Aniversário da Associação dos Reformados e Pensionistas de Caminha

A ARPCA - Associação dos Reformados e Pensionistas de Caminha, foi criada no dia 24 de Novembro de 2009. Em 27 de Novembro de 2010 festejou a passagem do seu primeiro aniversario no CIRV, em Vilar de Mouros, conforme mensagem que escrevi na altura, (ver) tendo agora, também a 27 de Novembro, comemorado o segundo com um almoço de confraternização no Restaurante Matilde, em Vilarelho. Apesar de ter tido uma participação inferior à do ano passado a festa esteve, mesmo assim, animada e serviu para uma saudável confraternização entre todos.

Após o repasto, bem servido e regado, Ricardo Vila Pouca em nome da associação e Paulo Pereira, vereador em representação da câmara, proferiram umas breves palavras, ambos realçando a importância do crescimento da associação e do empenho dos seus sócios para que a mesma venha a ter o maior sucesso possível e possa cumprir as metas e objectivos que a si própria impôs.

Ricardo Vila Pouca prestou ainda os seguintes esclarecimentos:

- teve o prazer de inscrever, nesse mesmo dia, o sócio nº 200; isso significa (digo eu) um aumento de 40 novos associados, já que no ano passado o número era de 160;

- foi realizado, pela direcção a que preside, desde há dois anos a esta parte e mesmo antes, um intenso trabalho, sendo de destacar a obtenção das duas sedes, uma executiva, na vila de Caminha, na Junta de Freguesia e outra, de convívio, em Argela;

- todas as terças e quintas feiras à tarde os sócios podem e devem comparecer na sede de convívio, no antigo edifício da escola do 1º ciclo de Argela, propriedade da câmara, até porque existe um protocolo com esta entidade que condiciona a continuidade da cedência daquele espaço à realização de actividades nele;

- os sócios que o desejarem podem fazer a sua inscrição, até ao dia 9
 de Dezembro, na câmara, para fins de voluntariado e quem o fizer beneficiará de uma formação a organizar pelo município; fez a entrega das camisolas de voluntariado àqueles sócios que ficaram responsáveis, todas as terças e quintas, por abrir as portas do centro de convívio e pela orientação das actividades;

- a ARPCA prepara-se, por motivos de saúde e de falta de disponibilidade da sua parte, como actual presidente, para a realização de eleições antecipadas; fez um apelo aos sócios para que se organizem numa ou mais listas de modo a que se possa prosseguir, sem sobressaltos, o trabalho já iniciado;

- será enviada uma carta para casa de cada um com orientações sobre os
 prazos das candidaturas e data da realização das eleições; esta está marcada, em princípio e já com publicação da convocatória, para o dia 10 de Dezembro mas, a pedido de vários dos presentes, disponibilizou-se a tentar alterá-la para o dia 8, o que ficará pendente da decisão do presidente da assembleia geral.

Com o cantar, por todos, em coro, dos “parabéns a você” e da distribuição de uma fatia do bolo de aniversário e de uma taça de champanhe a festa prosseguiu com a intervenção de tocadores de concertinas, cantadores e cantadeiras bem afinados.

Pela minha parte quero felicitar todos quantos trabalharam para uma
 causa que considero de grande importância social e desejar que o futuro possa trazer muitos êxitos a esta ainda jovem associação, para bem dos reformados e pensionistas de Caminha, muito em especial dos que mais necessitam e pelos quais as entidades oficiais competentes pouco ou nada vêm fazendo.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Caminho Soldado Mário Rocha

A 5 de Outubro de 2011, dia em que se comemora a implantação da República e ano em que se assinala a passagem do 50º aniversário do início da guerra colonial no ultramar português, foi homenageado em Vilar de Mouros o único filho desta terra que perdeu a sua vida em combate, na Guiné, onde integrava uma companhia de comandos (tropa de elite do exército), no dia 27 de Dezembro de 1970, com 22 anos de idade.

Da cerimónia, organizada pela Comissão de Combatentes do Ultramar do concelho de Caminha e pela Junta de Freguesia de Vilar de Mouros e que contou com a colaboração da Liga dos Combatentes e o apoio da Câmara Municipal de Caminha, constaram três actos: a celebração de uma missa de homenagem na Igreja Paroquial de Vilar de Mouros, o descerrar de uma placa com a alteração toponímica que passou a designar o antigo “Caminho da Rapada” por “Caminho Soldado Mário Rocha”, no lugar da Cavada, nesta localidade, e o descerrar de outra placa, previamente colocada na parede fronteiriça ao caminho em causa, na casa onde nasceu o soldado homenageado, hoje habitada pelo seu irmão António, com as insígnias da Liga dos Combatentes e os dizeres
 “HOMENAGEM AO SOLDADO “cmd” MÁRIO M. ROCHA”. O primeiro descerramento foi efectuado pela Presidente da Junta, Sónia Fernandes, e o segundo pelo irmão do soldado, como familiar mais próximo ainda vivo, e pelo representante da Associação de Comandos – Delegação de Viana do Castelo.

Participaram nestes actos, em representação das instituições a que pertencem, a presidente e restantes membros da Junta de Freguesia, o vereador do pelouro da cultura da Câmara, o presidente da Assembleia Municipal de Caminha, o presidente e outros dois delegados da Assembleia de Freguesia de Vilar de Mouros (Mário Ranhada, João Arieira e José Barros), um elemento do GEPPAV (Plácido Souto), o comandante da Capitania do Porto de Caminha, vários membros da Comissão de Combatentes do Ultramar do concelho de Caminha bem como da Associação de Comandos (Delegação de Viana do Castelo) e da Liga dos Combatentes.

Usaram da palavra, em curtas intervenções, a Presidente da Junta e o vereador do pelouro da cultura da Câmara Municipal (aquando do descerrar da placa com o novo nome atribuído ao caminho) e ainda os representantes da Comissão de Combatentes do Ultramar do concelho de Caminha e da Associação de Comandos – delegação de Viana do Castelo (aquando do descerrar da placa colocada na casa onde nasceu o homenageado).

Todos eles, de uma maneira geral, se referiram à importância e ao significado da realização desta cerimónia no dia em que se comemora a implantação da República e manifestaram o seu regozijo não só pelo elevado número de entidades que se fizeram representar como
 pela elevada participação de público em geral, tendo os dois oradores militares destacado e enaltecido as qualidades e virtudes inerentes às forças a que pertenceu o soldado Mário, os “comandos”, nomeadamente o seu amor devoto à pátria que defendem, um grande sentido de responsabilidade, carácter, coragem, lealdade, obediência e determinação no cumprimento das suas missões, à custa da própria vida se necessário for. A sessão foi encerrada com o grito de guerra desta tropa de elite, repetido várias vezes pelos ex-combatentes presentes - Mama Sume - em português “aqui estamos prontos para o sacrifício”.

Pela minha parte quero aqui felicitar todos quantos contribuíram para que este acto de uma mais que justa homenagem tivesse sido possível, muito em especial à Comissão de Combatentes do Ultramar
 do Concelho de Caminha e à Junta de Freguesia de Vilar de Mouros. Não posso, no entanto, deixar também de referir, por dever de justiça e amor à verdade, que todo o processo administrativo que conduziu à atribuição do nome “Soldado Mário Rocha” a este caminho foi iniciado e concluído, a pedido da Comissão de Combatentes do Ultramar do concelho de Caminha, pelo executivo anterior da Junta.

Em 2006 foi elaborada e enviada ao município, depois de apreciação e concordância unânime em Assembleia de Freguesia, a respectiva proposta de alteração toponímica. Ora, só em 2009 e após repetidas insistências, já muito em cima do período eleitoral autárquico que se
 avizinhava, chegou a indispensável autorização. Assim, não houve condições para organizar uma cerimónia com o mínimo de dignidade que o acto justificava, o que fez com que esse processo transitasse para o mandato seguinte.

Esclarecido este ponto e já que não me é possível dirigir ao soldado Mário Maciel Rocha (antes fosse…) resta-me uma palavra final para a sua família, na pessoa do único irmão ainda vivo, o António Rocha. António, o teu irmão teve uma homenagem merecida, ficará para a história como um herói que morreu em combate, na defesa dos valores em que acreditava, destacando-se, de entre estes, o amor
 à sua pátria. Isso deve ser um motivo de orgulho e de satisfação para ti, quero crer, e é justo que assim seja. Porém, nem consigo sequer imaginar, porque estas situações só as vive quem as sofre na pele, a tua dor e a de todos os teus quando soubestes da morte de este ente querido, aos 22 anos de idade, numa terra distante, numa guerra, sabe-se hoje e já alguns o diziam na altura, desnecessária e condenada ao insucesso.

Só que o Mário e a esmagadora maioria dos que eram enviados para a frente de combate estavam convencidos de que lutavam por uma causa justa e de que a vitória era possível. Daí que o seu esforço, o seu mérito, a sua valentia e abnegação justifiquem, exijam mesmo, o nosso maior respeito e consideração mas…quanto não darias tu por tê-lo hoje ao teu lado? É que, não só ele como muitos milhares que
 perderam a vida numa guerra que durou treze longos anos e destroçou tantas famílias portuguesas podiam ainda estar vivos não fora a teimosia e a cegueira política dos governantes de então. Que ao menos o sacrifício destes valentes possa servir de exemplo para o futuro!

Um forte abraço de solidariedade, caro António Rocha

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

BC 9 - Confraternização de ex-militares



No dia 30 de Abril último, ex-militares do antigo quartel de Viana do Castelo, Batalhão de Caçadores 9, onde estive colocado (como outros vilarmourenses) e onde passei cerca de três anos da minha juventude (entre 1967 e 1970), realizaram o já tradicional encontro de confraternização que desde há tempos a esta parte vem tendo lugar.

Esse encontro, organizado, uma vez mais, pelo Mota, um dos “velhos guerrilheiros”, constou, como também vem sendo habitual, de uma visita ao interior das edificações do extinto quartel, este ano apenas às muralhas do Forte de Santiago da Barra, construção medieval, classificado como “Imóvel de Interesse Público” e utilizado, nos meus tempos de tropa, como instalações militares, servindo sobretudo para centro logístico e operacional de apoio aos batalhões mobilizados que ultimavam a sua preparação antes do embarque para as guerras coloniais. Hoje acolhe a sede da Região de Turismo do Alto Minho, compreendendo um moderno Centro de Congressos.

O encontro prosseguiu com o já também tradicional almoço, num restaurante de Santa Marta de Portuzelo, em que participaram muitos antigos camaradas de armas e alguns familiares, tendo-se aproveitado para reviver velhas histórias de caserna e estreitar laços de amizade que perdurarão para sempre entre companheiros que viveram momentos, por vezes bons, outros muito complicados, sobretudo para aqueles a quem calhou na rifa terem de ir para o ultramar combater, como se dizia na altura, os "turras" ou “terroristas”. Os jovens de hoje nem imaginam o bom que é ter sido afastado dos seus horizontes o fantasma omnipresente de um dia poderem vir a ser obrigados a partir para uma guerra longínqua, desnecessária e injusta.

Não quero concluir sem deixar bem expresso o meu desejo de muita saúde e felicidade a todos e agradecer, especialmente ao Mota, a excelente iniciativa que teve e vem mantendo ao longo dos anos.
Junto algumas fotos para mais tarde recordar bem como um pequeno vídeo que fiz da confraternização de 2009, que está disponível há muito no youtube mas que, provavelmente, poucos viram. Visto que eu apenas disponho de dois ou três, peço a quem tenha contactos de e-mail destes amigos (os que aparecem nas fotos e vídeo e, eventualmente, de outros) o favor de lhes enviar o link desta mensagem.
Vídeo de 2009

Outras fotos de 2011