VILAR DE MOUROS SEMPRE

Blogue que visa a promoção e divulgação de Vilar de Mouros, sua cultura, seus interesses, necessidades, realizações e suas gentes, mas que poderá abordar também outros temas, de ordem local, regional ou mesmo nacional.

sábado, 19 de junho de 2010

Escola da Ponte - Prof. Ademar

     Soube, no dia 26 de Maio último, por informação do meu amigo Paulo Bento, que falecera o prof. Ademar Ferreira dos Santos, autor do blogue “abnoxio”, que eu visitava de quando em vez mas não com a regularidade que seria desejável, tal a qualidade do mesmo. Confesso que, no momento, não associei o seu nome à Escola da Ponte, na Vila das Aves, onde me desloquei, em visita de estudo, no dia 16 de Novembro de 2001, a convite da Sra Inspectora Vera, que acompanhou um grupo de docentes de que fazia parte eu, as professoras Fernanda Albina (vilarmourense, grande profissional e amiga, já falecida), Teresa e Educadora Isilda, tudo docentes a trabalhar em Educação Especial. Foi uma experiência muito enriquecedora em que, acompanhando ao vivo todas as actividades duma escola que adoptou um projecto pioneiro e único a nível nacional, baseado num modelo de práticas pedagógicas inovadoras, pudemos constatar como é possível instituir, com todas as vantagens, uma alternativa ao modo de funcionamento tradicional das nossas escolas.


     Na Escola da Ponte respeita-se o ritmo de aprendizagem de cada aluno, valoriza-se o seu trabalho, quer individual quer colectivo, valoriza-se a auto-aprendizagem, através da investigação e pesquisa, a auto-avaliação e a auto-estima, promove-se o espírito de entreajuda e de respeito entre todos, a vivência democrática, a participação cívica, a responsabilização de alunos e de pais na definição e aplicação das regras a seguir na escola, bem como nos direitos e deveres de cada um.

     Havendo muita documentação na Net sobre a Escola da Ponte e o Prof. Ademar, penso ser descabido alongar-me em mais considerações sobre o assunto. Para outras informações, eventuais interessados podem consultar, de entre outros, os seguintes links:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ademar_Santos



     Quando me apercebi de que o Prof. Ademar Santos era Presidente da Direcção da Escola da Ponte (foi-o, penso, de 2001 a 2006) aquando da nossa visita de estudo, lembrei-me também de ter realizado algumas filmagens nesse dia. Penitenciando-me por não o ter feito antes, pois era esse o meu dever, consegui, ainda assim, recuperar uma boa parte dessa gravação, da qual fiz dois pequenos vídeos: um, um pouco mais extenso, para entregar à família do Prof. Ademar, escola e docentes que me acompanharam nessa visita e outro, um resumo, para colocar neste meu blogue.



     Pretendo, deste modo, prestar a minha modestíssima homenagem à memória de duas pessoas que aparecem no vídeo e já nos deixaram, ambas bem novas: Ademar Ferreira dos Santos, professor, jornalista, escritor e, sobretudo, um GRANDE HOMEM e Fernanda Albina Porto, minha conterrânea, colega e grande amiga.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A propósito de um internamento

Pela primeira vez na minha vida tive de ser internado num hospital. Foram doze dias difíceis, de 2 a 14 de Junho, passados, como costumo dizer por brincadeira, no hotel de Santa Luzia, em Viana do Castelo, com uma bela vista para a cidade e para o mar (não da minha enfermaria, por azar meu). Não foi propriamente agradável, como nunca o é estar em internamento num centro hospitalar, por muito bom que ele seja mas, como em tudo na vida, há que saber aproveitar o lado positivo das coisas.
                                                                                                                  
Isso enriquece-nos, faz-nos mais fortes psicologicamente, ajuda-nos a valorizar os pequenos nadas que compõem a nossa tão frágil e breve existência e que, por serem rotineiros e vulgares, quando estamos bem, acabámos por desprezar. No hospital, pelo sofrimento próprio e observação do alheio, depressa nos apercebemos de quanto pode ser bom, simplesmente, ter saúde.

O importante na vida não é tanto ter muitas coisas, ostentação e opulência, como a sociedade de consumo nos quer, a todo o custo, fazer crer, mas antes sermos capazes de ser felizes com aquilo que temos. Claro que isto nunca deverá ser entendido, antes pelo contrário, como a falta de reconhecimento do direito que cada um de nós tem de lutar por melhores e mais justas condições de vida. O que a mim e, julgo, a todo o ser humano digno desse nome repugna e revolta é que a ganância de alguns faça com que muitos não possam ter o mínimo, sequer, para subsistir condignamente.

Mas nem foi essa a motivação que me levou a escrever e a publicar este curto texto. Foi antes o facto de, tendo eu sido internado num hospital público (Centro Hospitalar do Alto Minho – EPE), a convicção que sempre tive de que os males deste país não passam, nem de perto nem de longe, pela tão apregoada inoperância do sector e funcionalismo públicos, ter saído fortemente reforçada. Por favor, olhem lá para cima porque é aí que estão os verdadeiros culpados da situação a que o país chegou e não cá para baixo onde a grande maioria da “plebe” trabalhadora, em muitos casos com emprego instável e remunerações baixíssimas, fazem das tripas coração para responder às múltiplas solicitações que lhe são exigidas.

Por tudo quanto me apercebi, quer em relação ao meu caso pessoal quer em relação aos meus companheiros de internamento, só posso dizer bem de toda a equipa de saúde que trabalha no piso seis, Medicina um, do Hospital de Viana do Castelo. Nas pessoas do Sr. Dr. Carlos Ribeiro, Director do Departamento Médico e que acompanhou todo o meu processo clínico, do Sr. Enfermeiro-chefe, António Vintém e da Sra. Enfermeira Lurdes Araújo, que foram aqueles que mais de perto me seguiram, quero aqui deixar bem expresso o meu agradecimento e reconhecimento públicos a todos quantos, e muitos foram, desde médicos a enfermeiros e auxiliares, fizeram com que a minha passagem por aquele estabelecimento fosse o mais agradável (ou o menos desagradável…) possível.
  Pena é que as condições de trabalho proporcionadas a estes profissionais não sejam as melhores, quer em termos de recursos humanos quer materiais. Embora eu admita toda a minha ignorância em questões de saúde, parece-me exageradamente escasso, por exemplo, o número de enfermeiros, dois, a trabalhar no período nocturno para atender, salvo erro, 34 camas, muitas delas com doentes bem problemáticos. Isto para não falar em falhas de “pormenor” incríveis como, por exemplo, a insuficiência de almofadas para todos e de produtos tão banais como o betadine. Mas pronto…não se pode ter tudo! Primeiro estão os grandes “desígnios” nacionais, como a construção de estádios, do TGV, a aquisição de submarinos, de caças bombardeiros, etc, etc. Só uma sugestão: que tal ser posta à votação na Assembleia da República (ou fazer um referendo...) uma lei interditando o recurso a hospitais particulares e a deslocação ao estrangeiro, por motivos de saúde, a políticos e detentores de cargos públicos?...Era capaz de ser interessante!



A concluir não posso deixar de agradecer também a todos os meus familiares e amigos que, pessoal e telefonicamente, sempre foram seguindo de perto a minha recuperação. Aos meus companheiros de enfermaria, dois dos quais aparecem nas fotos que anexo (Sr Maximino, de Lapela, Monção, acompanhado de sua filha Sra Sameiro, na 2ª foto; Sr. Manuel Roleira, das Cortes, V.N.Cerveira, sendo barbeado pela sua esposa, na 3ª) , os meus sinceros desejos da melhor e mais rápida recuperação possível.


Pena também que os dois mais assíduos visitantes que tive, o João Arieira e a minha filha Isabel não apareçam nas fotos…não calhou…mas aqui fica o registo. Obrigado a todos.