Em Janeiro de 1974, tinha eu 28 anos (que saudades…) e na sequência de uma carta assinada pela Dra Ana Maria Benard da Costa, então Chefe de Divisão do Ensino Especial do Ministério da Educação, abrindo candidaturas para a frequência de um curso a realizar em Lisboa, visando uma experiência de integração, a nível nacional, de crianças com problemas de ordem sensorial ou física (cegas, surdas ou com deficiências motoras), nas escolas do denominado “ensino regular”, iniciei um percurso que iria mudar profundamente não só toda a minha carreira profissional, como a minha própria visão do mundo.
De facto, a riqueza das experiências vividas, quer durante o curso de especialização (no meu caso para a deficiência auditiva), que coincidiu com o 25 de Abril, quer depois, no trabalho realizado no terreno, nas então denominadas “equipas do ensino integrado”, fizeram de mim uma pessoa diferente.
Foram essas equipas que, a partir do ano lectivo de 1975/76 iniciaram, com um mínimo de condições, um bem difícil trabalho de despiste, encaminhamento médico, sensibilização, integração e apoio de alunos em escolas ditas “normais” já que, até aí, essas crianças ou estavam em casa sem frequentar qualquer estabelecimento escolar (a grande maioria) ou internadas em instituições só para deficientes.
Sendo, de início, uma experiência limitada a alguns, poucos, distritos - Lisboa, Porto, Coimbra, Viana do Castelo, Viseu, Guarda e Castelo Branco - e posta em prática, localmente, por escassas sete dezenas de professores - em Viana era eu, a Palmira, a Homera, a Maria Jósina, a Maria do Céu e a Beatriz - (esta última só no 1º ano) foi, lentamente, crescendo, tanto em área abrangida como em número de docentes, espalhando-se por todo o país e constituindo uma extensa rede de professores de apoio que promoviam, dentro do possível, a integração de alunos portadores de qualquer tipo de deficiência ou dificuldades graves de aprendizagem nas escolas regulares. Com a evolução de conceitos de ordem educacional e o reconhecimento (Declaração de Salamanca – 1994) de que “as escolas devem acolher todas as crianças independentemente das suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras”, essas equipas foram sendo adaptadas às novas exigências, com a passagem progressiva de responsabilidades para as escolas e acabaram mesmo por ser, como tal, extintas. Hoje compete às escolas e agrupamentos a busca de soluções para todo o tipo de problemática, incluindo a deficiência, dos seus alunos. Se, teoricamente, esta opção nem sequer me parece questionável, uma vez que a existência de uma entidade exterior à escola , como o eram as equipas, pode ser considerada, só por si, um factor de não inclusão, já quanto aos resultados práticos da sua implementação no terreno não posso, nem quero, pronunciar-me, por informação insuficiente sobre a matéria.
O que me interessa mesmo, neste momento, destacar, são os laços de amizade, de companheirismo e de solidariedade que ficaram e não mais desaparecerão, estou certo, de entre os docentes que constituíram essas equipas, de que eu sinto muita satisfação em ter sido co-fundador.
A prova está neste maravilhoso convívio, que vem ocorrendo anualmente, pelo Natal, desde há três anos a esta parte, num hotel do Porto, o último dos quais no dia sete de Dezembro e em que participaram cerca de três dezenas de pessoas, todos docentes
reformados, antigos elementos das denominadas equipas do “integrado” da zona norte, alguns dos quais responsáveis, na DREN, pela organização e coordenação do trabalho em toda a região, como o foram as dras Pilar, Manuela Pinto, Gabriela e outros mas, que me perdoem a especial referência, não posso deixar de destacar aqui, por também ter sido, para além de uma boa amiga, a única presente que foi minha professora no Curso de Especialização, em 1974/75, a Prof. Maria dos Santos Lé!
reformados, antigos elementos das denominadas equipas do “integrado” da zona norte, alguns dos quais responsáveis, na DREN, pela organização e coordenação do trabalho em toda a região, como o foram as dras Pilar, Manuela Pinto, Gabriela e outros mas, que me perdoem a especial referência, não posso deixar de destacar aqui, por também ter sido, para além de uma boa amiga, a única presente que foi minha professora no Curso de Especialização, em 1974/75, a Prof. Maria dos Santos Lé!
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