João Sebastião Gonçalves, o “nosso” bem conhecido João Violante, foi rabiscando, ao longo das últimas três décadas, em folhas soltas, ao sabor da inspiração do momento, quase em segredo, sem dizer nada a ninguém, um vasto conjunto de textos, muitos dos quais poesias mas também algumas prosas. Dessa forma ia expressando o seu estado de alma, as suas alegrias, tristezas, amores e desamores, as suas memórias, êxitos e frustrações, quantas vezes a sua impotência e revolta perante injustiças que sempre combateu e, muito em especial, o carinho que sempre devotou à sua terra em geral e à Levada e Rio Coura em particular.
A ideia de editar um livro a partir desses textos surgiu apenas há cerca de um ano quando, em conversa comigo e com outros familiares e amigos, achou isso interessante, não com qualquer objectivo comercial, até porque o livro não se encontra à venda, mas como forma de deixar em legado, aos seus familiares, amigos, companheiros e camaradas, algo de si, dos seus sentimentos, vivências e recordações.
Pelos laços familiares que nos unem (meu tio pelo lado materno) e, sobretudo, pela profunda amizade cimentada em muitos anos de acção, lutas e cumplicidades em termos de intervenção cívica, política e associativa na freguesia, disponibilizei-me de imediato e com todo o gosto para colaborar com o autor na organização do livro. Contei também, para tal, com a importante ajuda de dois bons amigos com larga experiência neste domínio: a de Paulo Bento na definição do formato e arranjo da obra e a de Carlos da Torre na concepção gráfica da sua capa. Embora já o tenha feito pessoalmente e no prefácio do livro aqui deixo, uma vez mais e por ser de toda a justiça, o meu obrigado a ambos.
A obra já se encontra pronta há cerca de um mês, desde as vésperas do Natal, de forma a que pudesse ser, como foi, oferecida pelo autor a alguns dos seus amigos nessa quadra festiva. O facto de a presente mensagem só ser publicada agora, dia 20 de Janeiro, não é por acaso: é que o meu tio João Violante completa precisamente hoje 84 anos de vida! É assim, desta maneira algo diferente do habitual que eu, publicamente, lhe envio um grande abraço, lhe dou os parabéns pelo seu aniversário, pelo lindo livro que escreveu e lhe desejo muita saúde por longos e bons anos.
A obra já se encontra pronta há cerca de um mês, desde as vésperas do Natal, de forma a que pudesse ser, como foi, oferecida pelo autor a alguns dos seus amigos nessa quadra festiva. O facto de a presente mensagem só ser publicada agora, dia 20 de Janeiro, não é por acaso: é que o meu tio João Violante completa precisamente hoje 84 anos de vida! É assim, desta maneira algo diferente do habitual que eu, publicamente, lhe envio um grande abraço, lhe dou os parabéns pelo seu aniversário, pelo lindo livro que escreveu e lhe desejo muita saúde por longos e bons anos.
As fotos que publico são as mesmas que aparecem no livro, incluindo a capa. Cito pequenos extractos , quer do prefácio, por mim escrito, quer das poesias de João Violante.
Prefácio
“…nascido a 20 de Janeiro de 1927, viveu a quase totalidade da sua vida nesta freguesia de Vilar de Mouros…cedo começou a trabalhar na construção civil, tendo dado os primeiros passos na difícil arte de estucador ainda em Caminha e, aos dezoito anos, partido para Lisboa, onde prosseguiu essa aprendizagem e a continuação dos estudos, por mais quatro anos, na escola António Arroio. Com os conhecimentos adquiridos nesta escola e possuindo uma apetência e habilidade naturais tanto para o desenho como para a moldagem (há baixos-relevos seus no bar das Azenhas, em sua casa, na parede exterior da Junta de Freguesia e do Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense, tendo a foto de um deles sido aproveitada para a concepção da capa deste livro), poderia ter tido uma carreira de sucesso nessa área não fossem os sérios problemas de saúde que estiveram na origem do seu prematuro regresso à terra natal, aos vinte e cinco anos.
Enveredou então pela cerâmica, tendo trabalhado para António Pedro, em Moledo, na mesma oficina onde esteve o meu pai, Victor Barrocas e mais tarde na fábrica de louça da Meadela. Também esta actividade foi de pouca dura. Abandonou-a, por conselho médico, em 1960, tendo-se virado para o pequeno comércio, por conta própria, profissão que exerceu até se reformar. Estes e outros aspectos da sua vida encontram-se bem documentados, com muitos e interessantes pormenores, em “Cadernos do Património Vilarmourense II”, - Dos caiadores aos estucadores e maquetistas vilarmourenses - do GEPPAV (pág. 71 a 75).
Homem de convicções, dinâmico, corajoso, de grande firmeza de carácter, muito sensível às desigualdades e injustiças sociais, foi com enorme entusiasmo que assistiu à queda do regime fascista em 1974, tornando-se um fervoroso apoiante, desde a primeira hora, do Partido Comunista Português…desempenhou um papel muito interventivo na vida cívica, associativa e política vilarmourense, também antes mas sobretudo depois do 25 de Abril, tendo exercido, de entre outras, importantes funções na Comissão de Moradores, na direcção do C.I.R.V., na Cooperativa Agrícola Vilarmourense e no Conselho Directivo de Baldios. Em termos estritamente políticos integrou a Assembleia de Freguesia em dois mandatos, tendo sido, em ambos, meu companheiro de bancada e foi tesoureiro da Junta de 1989 a 1993…”
Excertos das suas Poesias
Prefácio
“…nascido a 20 de Janeiro de 1927, viveu a quase totalidade da sua vida nesta freguesia de Vilar de Mouros…cedo começou a trabalhar na construção civil, tendo dado os primeiros passos na difícil arte de estucador ainda em Caminha e, aos dezoito anos, partido para Lisboa, onde prosseguiu essa aprendizagem e a continuação dos estudos, por mais quatro anos, na escola António Arroio. Com os conhecimentos adquiridos nesta escola e possuindo uma apetência e habilidade naturais tanto para o desenho como para a moldagem (há baixos-relevos seus no bar das Azenhas, em sua casa, na parede exterior da Junta de Freguesia e do Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense, tendo a foto de um deles sido aproveitada para a concepção da capa deste livro), poderia ter tido uma carreira de sucesso nessa área não fossem os sérios problemas de saúde que estiveram na origem do seu prematuro regresso à terra natal, aos vinte e cinco anos.
Enveredou então pela cerâmica, tendo trabalhado para António Pedro, em Moledo, na mesma oficina onde esteve o meu pai, Victor Barrocas e mais tarde na fábrica de louça da Meadela. Também esta actividade foi de pouca dura. Abandonou-a, por conselho médico, em 1960, tendo-se virado para o pequeno comércio, por conta própria, profissão que exerceu até se reformar. Estes e outros aspectos da sua vida encontram-se bem documentados, com muitos e interessantes pormenores, em “Cadernos do Património Vilarmourense II”, - Dos caiadores aos estucadores e maquetistas vilarmourenses - do GEPPAV (pág. 71 a 75).
Homem de convicções, dinâmico, corajoso, de grande firmeza de carácter, muito sensível às desigualdades e injustiças sociais, foi com enorme entusiasmo que assistiu à queda do regime fascista em 1974, tornando-se um fervoroso apoiante, desde a primeira hora, do Partido Comunista Português…desempenhou um papel muito interventivo na vida cívica, associativa e política vilarmourense, também antes mas sobretudo depois do 25 de Abril, tendo exercido, de entre outras, importantes funções na Comissão de Moradores, na direcção do C.I.R.V., na Cooperativa Agrícola Vilarmourense e no Conselho Directivo de Baldios. Em termos estritamente políticos integrou a Assembleia de Freguesia em dois mandatos, tendo sido, em ambos, meu companheiro de bancada e foi tesoureiro da Junta de 1989 a 1993…”
Excertos das suas Poesias
Gostaria de contar
O que a minha vida foi
E em crónica narrar,
O que é belo e o que me dói;
Mantive, desde criança,
Sempre no pensamento,
Com muita força e esperança
A todo e qualquer momento,
O sonho de um dia vir
Ter direito a falar
Sem medo de alguém ouvir…
E correr a denunciar!
Levou tempo mas chegou
Para alegria de um povo,
A bomba que rebentou
Com um podre Estado Novo!
Festejos, mais do que mil,
No campo e na cidade,
A vinte e cinco de Abril…
Dia da Liberdade!
O Chico da canoa
Está a ficar velho e cansado,
Camarada com centelha…
Seu hotel assinalado
Com a bandeira vermelha!
É o Chico da Canoa,
Com seu olhar vigilante,
Que nos espera em Lisboa
Na chegada p’ró Avante!
Nas cores, ninguém se iluda…
Ela está colocada
No Caramão da Ajuda,
Na casa do camarada.
Essa bandeira vermelha
Pendurada no frontal
Pela cor se assemelha
À Bandeira Nacional!
P’ró ano, camarada Chico,
Cá outra vez estaremos,
Pois eu calado não fico…
Sempre juntos venceremos.
Quando formos a primeira
Força a nível nacional,
Estará a nossa bandeira
Juntinho à de Portugal!
A aldeia mais linda
A minha terra é linda,
Mesmo sendo maltratada;
Tanta maldade não finda
Esta beleza abençoada!
Como ela não há igual
Desde o Sul até ao Minho;
Rainha de Portugal
Mora aqui, neste cantinho…
A causa disso é o rio,
Suas margens e encostas,
Que põem ao desafio
Do mundo, o que mais gostas!
Um ar puro, natural,
Dá vida a quem te atravessa
Desde o largo do Casal
Ao areínho da Condessa.
Linda, formosa, nasceste,
Mais do que as folhas de lis;
Foi por isso que fizeste
A nossa gente feliz!
Cantinho belo
Todo o povo aqui bem diz
Deste cantinho tão belo;
Como me sinto feliz
Ao ouvir gente dizê-lo!
Não é pelo seu tamanho,
É pela sua candura…
Também pelo seu bom banho
E pela sua frescura!
Quem cá vem jamais se perde,
É tudo bom na levada:
É bela a paisagem verde,
Lindo o verde da ramada!
A clareira que um dia
Se abriu entre a folhagem,
Ninguém acreditaria
Quão bela era essa paisagem;
Paisagem em que a beleza
É sempre admirável…
Só quem vê tem a certeza
Que nada há comparável!
Belíssima e merecida homenagem.
ResponderEliminar“Estimar e acarinhar as pessoas enquanto elas cá estão”, este sempre foi e será o meu lema e também, felizmente, o de (ainda) outras pessoas.
Temos a honra de ter recebido como presente esta linda obra. Seu tio ofereceu ao João.
Parabéns pela iniciativa.
João e Elisa Freitas
Vilar de Mouros está sempre a supreender-me. Nunca imaginei o nosso amigo João ter veia poetica. Muitos parabéns pela sua obra e sobretudo pelo seu aniversário. Um grande abraço.
ResponderEliminarUma das facetas mais belas que pode acontecer a uma pequena comunidade como a nossa de Vilar de Mouros é o facto de no seu seio emergir alguém que de vez em quando se destaque por as mais diversas razões e possa ser orgulho das suas gentes.
ResponderEliminarVilar de Mouros pode-se orgulhar de ter inúmeros cidadãos ao longo das ultimas décadas que se destacaram em diversas áreas da cultura e das artes o que naturalmente envaidece a nossa população.
O meu querido amigo e camarada JOÁO VIOLANTE já não é a primeira vez que é referido publicamente por vários motivos ligados á arte e á cultura e agora aparece um pouco surpreendentemente com a publicação de um livro com poemas da sua autoria, onde revela mais uma excelente vertente artística.
Gostaria de relevar o sentido dos seus versos sobretudo aqueles que dedica á nossa terra ao nosso rio ás azenhas, mas também aqueles que tocam na luta politica por uma vida melhor para os trabalhadores e para o povo deste Pais, não podendo deixar de mencionar o poema dedicado ao CHICO DA CANOA um meu querido familiar que eu muito estimei entretanto desaparecido.
Bem haja estimado amigo e camarada PARABENS e obrigado por este legado.
carlos alves