Se, desde que me lembro, o mar sempre provocou, de ano para ano, alterações no extenso areal costeiro das praias de Moledo e Camarido, parece-me também evidente que, nos últimos tempos, essas alterações se vêm acentuando de forma cada vez mais preocupante, porque já não se trata apenas de tirar areia aqui e pô-la acolá, mas sim de tentar e, em parte, conseguir destruir área edificada. É verdade que este último inverno foi de uma violência fora do comum, não só no nosso concelho como em todo o Portugal e em múltiplos pontos do globo, mas é também nestas ocasiões que o velho dito popular de que “o mar sempre vai recuperar aquilo que já foi seu”, mais nos salta à memória. Esperemos que, no caso de Caminha como em tantos outros, o “almirante-mar” não consiga atingir, pelo menos na totalidade, este seu desiderato, senão…vamos tê-las, ai vamos, vamos!
Ainda não há muito tempo, foi em Fevereiro de 2011, esteve em sério risco de ser “comido” pelas águas o moinho situado nas dunas de Moledo, tendo mesmo havido necessidade de colocar uma cintura de proteção na sua base, constituída por pedras de grande porte. Nessa mesma altura foram destruídos pela violência das águas os passadiços em madeira aí existentes e algumas dezenas de metros da parte superior do murete do topo norte do paredão da praia.
No inverno ora acabado (?) o ímpeto do mar foi ainda mais feroz. Tendo optado por atacar um pouco mais a sul, decidindo poupar, desta vez, o já atemorizado moinho, concentrou as suas forças e investiu, no dia 15 de Fevereiro, contra o paredão granítico, arrancando, deslocando e partindo mesmo algumas das suas pesadas pedras, numa extensão aproximada de uns vinte metros.
Mas não ficou por aqui. No dia 3 de Março (segunda-feira de Carnaval), quando as obras de reparação dos estragos anteriores estavam concluídas ou em vias de conclusão, novo e mais demolidor ataque, agora com uma destruição muito superior e numa extensão de cerca de 150 metros!
É este último acontecimento que o curto vídeo que junto documenta. Apesar das muitas imagens publicadas já sobre o assunto e apesar de me ter sido de todo impossível estar presente na fase mais crítica, a hora da maré cheia, não quis deixar de mostrar aos meus leitores e amigos, aquilo que eu vi e consegui registar: umas simples fotos e uma pequeníssima filmagem que nelas intercalo, mas que chegam para dar uma ideia da extrema violência do sucedido. A primeira parte diz respeito ao “durante”, a segunda ao “depois”…
Nas últimas fotografias, obtidas uns dias passados, pode apreciar-se como a areia foi levada, deixando bem à mostra, próximo do paredão, um aglomerado de pedras que eu nunca tinha visto…e já frequento aquela praia há uns bons sessenta anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário