VILAR DE MOUROS SEMPRE

Blogue que visa a promoção e divulgação de Vilar de Mouros, sua cultura, seus interesses, necessidades, realizações e suas gentes, mas que poderá abordar também outros temas, de ordem local, regional ou mesmo nacional.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

FESTIVAL DE VILAR DE MOUROS 2010

     Claro que este título é uma ficção, mas podia muito bem ser uma realidade se quem decide sobre os destinos de Caminha há mais de oito anos pusesse os interesses globais de Vilar de Mouros e de todo o concelho acima de estratégias de conquista e manutenção do poder a todo o custo.

      Hoje só não vê quem não quer que o objectivo número um do executivo municipal para esta freguesia, no mandato anterior, era derrubar a junta CDU. Valeu tudo para isso.
     São múltiplos os exemplos que o comprovam, assim como é clara a estratégia seguida para esse fim: a asfixia financeira!
Ora, para que isso fosse conseguido não bastava cortar radicalmente nas transferências do município para a junta, como foi feito (se a memória não me falha, em 4 anos veio da Câmara, no total, pouco mais de 9 mil euros), era preciso secar também outras fontes de rendimento e o festival era a mais importante. A ser cumprido o protocolo com a empresa organizadora (que, note-se, também não está isenta de culpas) e se tudo corresse normalmente, no final das seis edições (2005 a 2010) Vilar de Mouros encaixaria € 250.000,00 para gastar no que entendesse, mais € 300.000,00 para investir em infra-estruturas no recinto e outras relacionadas com o festival.
Está-se mesmo a ver o “interesse” que o executivo camarário teria em “apoiar” tal evento...e foi o que se viu, terminando como terminou: clima de verdadeira guerrilha em 2005 e 2006 (nem uma palavra sobre o Festival na Agenda Cultural de Julho da Câmara deste ano, quando era festejado o seu 35º aniversário...),  e desistência da empresa em 2007!

     O que passou, passou, não há nada a fazer.

     Mas, agora, apetece perguntar: se, no último mandato, a Câmara (propagandeando ajuda e puxando para trás) responsabilizou a junta e a empresa pelo fracasso e suspensão do festival, por que diabo continua a não haver em 2010? "Não houve tempo suficiente  para o preparar…" será a desculpa a impingir aos “crédulos” (e há muitos neste concelho…uns por ingenuidade, outros por deficiente informação outros, se calhar, por receio de represálias, outros ainda por interesses de vária ordem)! Mas como é isso possível se, no dia 3 de Abril de 2009, há bem mais de um ano, foi assinado um protocolo tripartido (Câmara, Junta e Porto Eventos) que pôs a zero todos os compromissos assumidos em acordos anteriores, possibilitando, de imediato, o início e cito, “da institucionalização de uma entidade em que sejam partes a Câmara Municipal e a freguesia de Vilar de Mouros, representada pela sua Junta de Freguesia que…consiga levar a bom porto a reedição do Festival já no ano de 2009”. É verdade, já em 2009! Claro que ninguém de bom senso acreditou nisso, mas em 2010 também não?!  … Porquê?!                                                         

Só encontro uma justificação com alguma lógica: a Câmara “queimou” mais de seis meses à espera das eleições autárquicas de Outubro, na esperança de um resultado eleitoral que não a obrigasse a negociar com os “comunistas”. Com uma vitória tangencial e a “preciosa” ajuda de dois ex-“socialistas”, conseguiu-o, ficando assim com uma junta à medida dos seus desejos, com o caminho aberto para um acordo fácil. Então porque não há festival?
     Quanto a mim o problema é que já era demasiado tarde! A organização deste evento exige uma preparação cuidadosa, com muita antecedência e, em cima da hora e com tantos festivais espalhados pelo país, com os melhores fins de semana já ocupados por outros importantes acontecimentos, nenhuma empresa credível deve ter tido disponibilidade para avançar e correr sérios riscos de um fracasso rotundo.
     Note-se que não é por acaso que eu escrevo este artigo agora: as datas mais prováveis, a manter-se a tradição dos últimos festivais, seriam este fim de semana: 23, 24 e 25 de Julho.

     É assim que se gere a coisa pública e, lamentavelmente, não é só em Caminha. Os interesses de quem, conjunturalmente, está no poleiro e tudo faz para lá se manter (pelos vistos dá muito jeito), sobrepõem-se, "democraticamente", aos de toda uma comunidade e assim vai continuar enquanto houver muitos “crédulos”!

1 comentário:

  1. Foi pela mão do saudoso Dr. António Barge que os Festivais de Vilar de Mouros nasceram.
    Amante da terra, bairrista, e admirador das belezas de Vilar de Mouros e do Alto Minho, entendia que a nossa região devia ser promovida, e a forma que na altura achou mais expedita para o efeito foi a de realizar Festivais de Musica. e tudo começou com festivais de folclore evoluindo depois para musica moderna.
    Naquela época tudo parecia muito utópico mas a verdade é que não só conseguiu levar o nome de Vilar de Mouros ao mundo inteiro como cometeu a proeza de ter realizado os primeiros Festivais do género ao ar livre em Portugal, e com Bandas que na altura já eram sonantes mas que viriam mais tarde a consagrar-se na cena internacional da musica.
    Em 1971 deu-se em Vilar de Mouros o que viria a ser apelidado de woodstok português com a participação entre outros de Elton John, e Manfred Mann, e em 1982 desta vez também com o envolvimento directo da Câmara Municipal de Caminha aconteceu provavelmente o mais longo (nove dias) o mais participado de todos os festivais até ai realizados, mas em simultâneo o que também mais marcas negativas deixou em termos de imagem no seio da população local por variadas razões.
    As recordações negativas de 1982 eram de tal forma marcantes que quando em 1996 se colocou a hipótese de reanimação dos festivais a única entidade que se prontificou a ombrear o evento foi a Junta de Freguesia local, assumindo corajosamente a sua realização e em consequência o seu reatamento o que foi feito assumindo a importância que os mesmos viriam a ter em termos sócio económicos e culturais da Freguesia, Concelho e Região.
    Isto para reafirmar que a Junta de Freguesia a que eu tive a honra de presidir durante vinte anos, realmente não só não é responsável por a suspensão da realização dos Festivais que actualmente se verifica, (e como o meu amigo Basílio o comprova) como aliás foi a grande responsável e impulsionadora contra tudo e contra todos, do reatamento verificado em 1996

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