Pela primeira vez na minha vida tive de ser internado num hospital. Foram doze dias difíceis, de 2 a 14 de Junho, passados, como costumo dizer por brincadeira, no hotel de Santa Luzia, em Viana do Castelo, com uma bela vista para a cidade e para o mar (não da minha enfermaria, por azar meu). Não foi propriamente agradável, como nunca o é estar em internamento num centro hospitalar, por muito bom que ele seja mas, como em tudo na vida, há que saber aproveitar o lado positivo das coisas.
Isso enriquece-nos, faz-nos mais fortes psicologicamente, ajuda-nos a valorizar os pequenos nadas que compõem a nossa tão frágil e breve existência e que, por serem rotineiros e vulgares, quando estamos bem, acabámos por desprezar. No hospital, pelo sofrimento próprio e observação do alheio, depressa nos apercebemos de quanto pode ser bom, simplesmente, ter saúde.
O importante na vida não é tanto ter muitas coisas, ostentação e opulência, como a sociedade de consumo nos quer, a todo o custo, fazer crer, mas antes sermos capazes de ser felizes com aquilo que temos. Claro que isto nunca deverá ser entendido, antes pelo contrário, como a falta de reconhecimento do direito que cada um de nós tem de lutar por melhores e mais justas condições de vida. O que a mim e, julgo, a todo o ser humano digno desse nome repugna e revolta é que a ganância de alguns faça com que muitos não possam ter o mínimo, sequer, para subsistir condignamente.
Mas nem foi essa a motivação que me levou a escrever e a publicar este curto texto. Foi antes o facto de, tendo eu sido internado num hospital público (Centro Hospitalar do Alto Minho – EPE), a convicção que sempre tive de que os males deste país não passam, nem de perto nem de longe, pela tão apregoada inoperância do sector e funcionalismo públicos, ter saído fortemente reforçada. Por favor, olhem lá para cima porque é aí que estão os verdadeiros culpados da situação a que o país chegou e não cá para baixo onde a grande maioria da “plebe” trabalhadora, em muitos casos com emprego instável e remunerações baixíssimas, fazem das tripas coração para responder às múltiplas solicitações que lhe são exigidas.
Por tudo quanto me apercebi, quer em relação ao meu caso pessoal quer em relação aos meus companheiros de internamento, só posso dizer bem de toda a equipa de saúde que trabalha no piso seis, Medicina um, do Hospital de Viana do Castelo. Nas pessoas do Sr. Dr. Carlos Ribeiro, Director do Departamento Médico e que acompanhou todo o meu processo clínico, do Sr. Enfermeiro-chefe, António Vintém e da Sra. Enfermeira Lurdes Araújo, que foram aqueles que mais de perto me seguiram, quero aqui deixar bem expresso o meu agradecimento e reconhecimento públicos a todos quantos, e muitos foram, desde médicos a enfermeiros e auxiliares, fizeram com que a minha passagem por aquele estabelecimento fosse o mais agradável (ou o menos desagradável…) possível.
Pena é que as condições de trabalho proporcionadas a estes profissionais não sejam as melhores, quer em termos de recursos humanos quer materiais. Embora eu admita toda a minha ignorância em questões de saúde, parece-me exageradamente escasso, por exemplo, o número de enfermeiros, dois, a trabalhar no período nocturno para atender, salvo erro, 34 camas, muitas delas com doentes bem problemáticos. Isto para não falar em falhas de “pormenor” incríveis como, por exemplo, a insuficiência de almofadas para todos e de produtos tão banais como o betadine. Mas pronto…não se pode ter tudo! Primeiro estão os grandes “desígnios” nacionais, como a construção de estádios, do TGV, a aquisição de submarinos, de caças bombardeiros, etc, etc. Só uma sugestão: que tal ser posta à votação na Assembleia da República (ou fazer um referendo...) uma lei interditando o recurso a hospitais particulares e a deslocação ao estrangeiro, por motivos de saúde, a políticos e detentores de cargos públicos?...Era capaz de ser interessante!
A concluir não posso deixar de agradecer também a todos os meus familiares e amigos que, pessoal e telefonicamente, sempre foram seguindo de perto a minha recuperação. Aos meus companheiros de enfermaria, dois dos quais aparecem nas fotos que anexo (Sr Maximino, de Lapela, Monção, acompanhado de sua filha Sra Sameiro, na 2ª foto; Sr. Manuel Roleira, das Cortes, V.N.Cerveira, sendo barbeado pela sua esposa, na 3ª) , os meus sinceros desejos da melhor e mais rápida recuperação possível.
Pena também que os dois mais assíduos visitantes que tive, o João Arieira e a minha filha Isabel não apareçam nas fotos…não calhou…mas aqui fica o registo. Obrigado a todos.
Sr. Professor, espero que esteja completamente recuperado. Vilar de Mouros precisa de si.
ResponderEliminarBeijinho....Já estás óptimo.....Foram só carinhos.....babado.Miette
ResponderEliminarBom regresso e desejo de total restabelecimento.
ResponderEliminarUm abraço.
Caro amigo,
ResponderEliminarfoi com grande preocupação e ansiedade que li o post. Não me passou pela cabeça, que a sua ausência no blog fosse por motivos de saúde, mas registo que a estadia e a recuperação foi positiva, ainda bem e espero que não volte a necessitar de tais cuidados.
Um forte abraço e continuação de boa saúde.