A Anafre – Associação Nacional de Freguesias, organizou uma manifestação de protesto contra a intenção governativa de extinguir, ou aglomerar, freguesias, acabando com muitas juntas.
Essa intenção foi dada a conhecer publicamente, numa primeira fase, através do denominado Livro Verde que previa, a serem aplicados com rigor os critérios de ordem numérica nele definidos, o fim de cerca de 1 400 freguesias, em todo o país e mais de metade das do con-
celho de Caminha. Todavia, a contestação generalizada por todo o lado (não nos esqueçamos que a maioria das freguesias têm juntas afetas ao maior partido do governo e que daqui a pouco mais de um ano há eleições autárquicas…) fez com que se verificasse um recuo do poder central sem que, todavia, deixassem de continuar a ser impostos limites de ordem puramente aritmética. Assim, a Proposta de Lei 44/2012 de Reorganização Administrativa Territorial Autárquica, obriga à “aglomeração” de freguesias com menos de 150 habitantes e, no caso concreto do nosso concelho, classificado de nível 3, a uma redução de 25% do seu número total.
Estas duas exigências legais fariam com que, em Caminha, o número de freguesias baixasse, pelo menos, de 20 para 15, provavelmente à custa da “aglomeração” das três Argas (de Baixo, de Cima e de S. João) numa só, e ainda do “casamento forçado” de outras três (Azevedo? Orbacém? Cristelo? Gondar?...) com vizinhos de maior envergadura.
Foi contra esta decisão de o governo persistir em avançar com a imposição de limites elaborados a régua e esquadro, num qualquer gabinete de Lisboa, sem sequer auscultar previamente os diretamente interessados, que são as populações locais, que a Anafre avançou com esta
grandiosa manifestação, que arrastou muitos e muitos milhares de pes- soas, do Minho ao Algarve, cerca de 200 mil, segundo a organização.
Apesar de também lá ter estado, não me atrevo a confirmar os números apresentados (quando ia a meio da contagem…distrairam-me e enganei-me…) mas posso garantir que o desfile formado junto ao Marquês de Pombal e que percorreu toda a Avenida da Liberdade, durante horas, até ao Rossio, foi impressionte, não só pelo elevadíssimo número de paricipantes mas sobretudo pela
beleza, pela arte e pela variadíssima representati- vidade etnográfica e cultural que dele emanava. Ali, sim, estava o Portugal profundo e o seu povo.
As fotos que junto, tiradas no percurso para Lisboa, na preparação, realização do desfile e no encerramento, no Rossio, em que discursou Armando Vieira, Presidente do Conselho Diretivo da Anafre, são bem elucidativas do que acabo de escrever. Claro que não podia deixar de dar algum destaque a Vilar de Mouros, com sete pessoas presentes, incluindo três delegados da Assembleia Municipal e representantes de várias instituições locais
(Junta de Freguesia, Centro de Instrução e Recreio e Grupo Motard) mas também ao concelho de Caminha e distrito de Viana do Castelo, de onde partiram, respectivamente, cinco e quarenta camione- tas.
Esperemos que tanto esforço, empenho e entusiasmo tenham servido para algo e que os senhores que se julgam donos do país só porque, ocasionalmente, venceram umas eleições (não teriam sido os outros que as perderam, como amanhã vai acontecer, fatalmente, com estes?!) reconsiderem, olhem cá para baixo dos seus poleiros e respeitem, por uma vez que seja, as pessoas mais humildes e carenciadas, muitas das quais até lhes confiaram o voto e que têm nas juntas que pretendem extinguir o primeiro pronto-socorro para as suas múltiplas necessidades.
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