Realizou-se no passado sábado, dia 21 de Abril, pelas 22 horas, no Pavilhão Municipal de Caminha, cedido para o efeito pela Câmara, um espetáculo musical denominado “Tributo a Zeca Afonso”, projeto que teve origem, conforme disse José Paulo Ribeira, pianista e diretor musical do grupo, num desafio que lhes foi lançado pela empresa Cervmusic, promotora de eventos musicais, com
sede em Vila Nova de Cerveira, para realizarem um trabalho apenas com músicas daquele grande poeta, compositor e cantor.
O desafio foi aceite e o resultado aí está, tendo acontecido em Caminha um momento de rara beleza, vivido entusiástica e participadamente por um público que quase encheu o enorme pavilhão, que vibrou e se emocionou, não só com o maravilhoso espetáculo que lhe foi proporcionado, como também pelo conteúdo das mensagens de inconformismo, de resistência, de luta, de solidariedade e de amor, sempre presentes nas poesias e canções do Zeca Afonso.
Intervieram, para além dos sete componentes do grupo
O desafio foi aceite e o resultado aí está, tendo acontecido em Caminha um momento de rara beleza, vivido entusiástica e participadamente por um público que quase encheu o enorme pavilhão, que vibrou e se emocionou, não só com o maravilhoso espetáculo que lhe foi proporcionado, como também pelo conteúdo das mensagens de inconformismo, de resistência, de luta, de solidariedade e de amor, sempre presentes nas poesias e canções do Zeca Afonso.
Intervieram, para além dos sete componentes do grupo
musical, com duas vozes de sonho e instrumentistas exímios, alguns dos quais docentes da Academia de Música Fernandes Fão, um jovem coro desta mesma academia, António Neiva como "voz off" e ainda Joaquim Guardão e sua filha Sofia, o primeiro através da declamação de poesias do homenageado e a segunda responsável pela seleção e apresentação de projeções de extratos de textos autobiográficos e outros sobre a sua vida, pensamento e obra.
Foi uma iniciativa de todo o interesse e oportunidade já que, prestando uma justíssima homenagem a um dos vultos mais significativos da música, da cultura e da resistência ao fascismo em Portugal, quando se assinalam
25 anos da sua morte, ocorrida em Setúbal, a 23 de Fevereiro de 1987, aos 57 anos de idade, acontece a escassos quatro dias do 25 de Abril, uma data e um acontecimento que tem tudo a ver com o Zeca Afonso e que muitos, com fortes responsabilidades políticas, quer a nível nacional quer regional ou local, pretendem desvalorizar e esvaziar completamente de conteúdo. A própria Associação 25 de Abril, de que fazem parte alguns dos "Capitães de Abril", recusa-se a participar, soube-se ontem, nas comemorações oficiais do 38º aniversário da revolução dos cravos, amanhã, por discordar do atual poder político que, e cito o manifesto lido pelo coronel Vasco Lourenço, “deixou de refletir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa".
É, de facto, uma tristeza, o rumo que as coisas estão a
tomar neste país, onde grandes fortunas se acumulam nos bolsos recheados de alguns poucos, enquanto o desemprego aumenta assustadoramente, os direitos dos trabalhadores são sistematicamente postos em causa, as verbas para a saúde, educação e segurança social diminuem de ano para ano, os salários e as reformas são cortados, os subsídios de natal e de férias desaparecem e até as juntas de freguesia correm sérios riscos de ser extintas! Onde iremos parar?!
Os portugueses têm que reagir antes que seja tarde. Os sacrifícios podem ser necessários mas têm de recair sobre todos, não sempre sobre os mesmos, e tem de nos ser muito bem explicado para que servem. Por acaso...alguém sabe? Duvido muito e, provavelmente, nem o governo.
Assim, é preciso despertar as consciências, é preciso que nasça um pequenino Zeca Afonso dentro de cada um de nós.
Também por isso, felicito todos quantos trabalharam e
continuam a trabalhar no projecto “Tributo a Zeca Afonso”, fazendo votos para que este belo espetáculo tenha o êxito que merece, seja apresentado em muitos mais palcos (julgo já o ter sido em Cerveira e em Valença, mas sem o coro da academia) e, desse modo, possa contribuir para o despertar de uma consciência cívica coletiva que, por vezes, parece algo adormecida ou anestesiada.
Junto fotos e um vídeo com pequenos extratos de canções apresentadas. Claro que a qualidade não é a melhor, já que a gravação foi feita no meio do público, sentado nas bancadas, sem o mínimo de condições e isso condicionou muito a qualidade das imagens e, em especial, do som,
com “intromissões” de vozes estranhas aos intérpretes em palco. Mesmo assim e apesar do peso do vídeo ser um pouco grande (pelo que talvez seja aconselhável fazer o download em pausa) acho que vale a pena vê-lo e ouvi-lo.
Zeca Afonso, sempre!
Viva o 25 de Abril!
Foi uma iniciativa de todo o interesse e oportunidade já que, prestando uma justíssima homenagem a um dos vultos mais significativos da música, da cultura e da resistência ao fascismo em Portugal, quando se assinalam
25 anos da sua morte, ocorrida em Setúbal, a 23 de Fevereiro de 1987, aos 57 anos de idade, acontece a escassos quatro dias do 25 de Abril, uma data e um acontecimento que tem tudo a ver com o Zeca Afonso e que muitos, com fortes responsabilidades políticas, quer a nível nacional quer regional ou local, pretendem desvalorizar e esvaziar completamente de conteúdo. A própria Associação 25 de Abril, de que fazem parte alguns dos "Capitães de Abril", recusa-se a participar, soube-se ontem, nas comemorações oficiais do 38º aniversário da revolução dos cravos, amanhã, por discordar do atual poder político que, e cito o manifesto lido pelo coronel Vasco Lourenço, “deixou de refletir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa".
É, de facto, uma tristeza, o rumo que as coisas estão a
tomar neste país, onde grandes fortunas se acumulam nos bolsos recheados de alguns poucos, enquanto o desemprego aumenta assustadoramente, os direitos dos trabalhadores são sistematicamente postos em causa, as verbas para a saúde, educação e segurança social diminuem de ano para ano, os salários e as reformas são cortados, os subsídios de natal e de férias desaparecem e até as juntas de freguesia correm sérios riscos de ser extintas! Onde iremos parar?!
Os portugueses têm que reagir antes que seja tarde. Os sacrifícios podem ser necessários mas têm de recair sobre todos, não sempre sobre os mesmos, e tem de nos ser muito bem explicado para que servem. Por acaso...alguém sabe? Duvido muito e, provavelmente, nem o governo.
Assim, é preciso despertar as consciências, é preciso que nasça um pequenino Zeca Afonso dentro de cada um de nós.
Também por isso, felicito todos quantos trabalharam e
continuam a trabalhar no projecto “Tributo a Zeca Afonso”, fazendo votos para que este belo espetáculo tenha o êxito que merece, seja apresentado em muitos mais palcos (julgo já o ter sido em Cerveira e em Valença, mas sem o coro da academia) e, desse modo, possa contribuir para o despertar de uma consciência cívica coletiva que, por vezes, parece algo adormecida ou anestesiada.
Junto fotos e um vídeo com pequenos extratos de canções apresentadas. Claro que a qualidade não é a melhor, já que a gravação foi feita no meio do público, sentado nas bancadas, sem o mínimo de condições e isso condicionou muito a qualidade das imagens e, em especial, do som,
com “intromissões” de vozes estranhas aos intérpretes em palco. Mesmo assim e apesar do peso do vídeo ser um pouco grande (pelo que talvez seja aconselhável fazer o download em pausa) acho que vale a pena vê-lo e ouvi-lo.
Zeca Afonso, sempre!
Viva o 25 de Abril!