VILAR DE MOUROS SEMPRE

Blogue que visa a promoção e divulgação de Vilar de Mouros, sua cultura, seus interesses, necessidades, realizações e suas gentes, mas que poderá abordar também outros temas, de ordem local, regional ou mesmo nacional.

terça-feira, 24 de abril de 2012

TRIBUTO A ZECA AFONSO

Realizou-se no passado sábado,  dia 21 de Abril, pelas 22 horas, no Pavilhão Municipal de Caminha, cedido para o efeito pela Câmara, um espetáculo musical denominado “Tributo a Zeca Afonso”, projeto que teve origem,  conforme disse José Paulo Ribeira, pianista e diretor musical do grupo, num desafio que lhes foi lançado pela empresa Cervmusic, promotora de eventos musicais, com
 sede em Vila Nova de Cerveira, para realizarem um trabalho apenas com músicas daquele grande poeta, compositor e cantor.
O desafio foi aceite e o resultado aí está, tendo acontecido em Caminha um  momento de rara beleza, vivido entusiástica e participadamente por um público que quase encheu o enorme pavilhão, que vibrou e se emocionou, não só com o maravilhoso espetáculo que lhe foi proporcionado,  como também pelo conteúdo das mensagens de inconformismo, de  resistência, de luta, de solidariedade e de amor, sempre presentes nas poesias e canções do Zeca Afonso.

Intervieram, para além dos sete componentes do grupo
 musical, com duas vozes de sonho  e instrumentistas exímios, alguns dos quais docentes da Academia de Música Fernandes Fão, um jovem coro desta mesma academia, António Neiva como "voz off" e ainda Joaquim Guardão e sua filha Sofia, o primeiro através da declamação de poesias do homenageado e a segunda responsável pela seleção e apresentação de projeções de extratos de  textos autobiográficos e outros sobre a sua vida, pensamento e  obra.
Foi uma iniciativa de todo o interesse e  oportunidade já que, prestando uma justíssima homenagem a um dos vultos mais significativos da música, da cultura e da resistência ao fascismo em Portugal, quando se assinalam

 25 anos da sua morte, ocorrida em Setúbal, a 23 de Fevereiro de 1987, aos 57 anos de idade, acontece a escassos quatro dias do 25 de Abril, uma data e um acontecimento que tem tudo a ver com o Zeca Afonso e que muitos, com fortes responsabilidades políticas, quer a nível nacional quer regional ou local, pretendem desvalorizar e esvaziar completamente de conteúdo. A própria Associação 25 de Abril, de que fazem parte alguns dos "Capitães de Abril", recusa-se a participar, soube-se ontem, nas comemorações oficiais do 38º aniversário da revolução dos cravos, amanhã, por discordar do atual poder político que, e cito o manifesto lido pelo coronel Vasco Lourenço, “deixou de refletir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa".
É, de facto, uma tristeza, o rumo que as coisas estão a

tomar neste país, onde grandes fortunas se acumulam nos bolsos recheados de alguns poucos, enquanto o desemprego aumenta assustadoramente, os direitos dos trabalhadores são sistematicamente postos em causa, as verbas para a saúde, educação e segurança social diminuem de ano para ano, os salários e as reformas são cortados, os subsídios de natal e de férias desaparecem e até as juntas de freguesia correm sérios riscos de ser extintas! Onde iremos parar?!
Os portugueses têm que reagir antes que seja tarde. Os sacrifícios podem ser necessários mas têm de recair sobre todos, não sempre sobre os mesmos, e tem de nos ser muito bem explicado para que servem. Por acaso...alguém sabe? Duvido muito e, provavelmente, nem o governo.
Assim, é preciso despertar as consciências, é preciso que nasça um pequenino Zeca Afonso dentro de cada um de nós.
Também por isso, felicito todos quantos trabalharam e

continuam a trabalhar no projecto “Tributo a Zeca Afonso”, fazendo votos para que este belo espetáculo tenha o êxito que merece, seja apresentado em muitos mais palcos (julgo já o ter sido em Cerveira e em Valença, mas sem o coro da academia) e, desse modo, possa contribuir para o despertar de uma consciência cívica coletiva que, por vezes, parece algo adormecida ou anestesiada.
Junto fotos e um vídeo com pequenos extratos de canções apresentadas. Claro que a qualidade não é a melhor, já que a gravação foi feita no meio do público, sentado nas bancadas, sem o mínimo de condições e isso condicionou muito a qualidade das imagens e, em especial, do som,

 com “intromissões” de vozes estranhas aos intérpretes em palco. Mesmo assim e apesar do peso do vídeo ser um pouco grande (pelo que talvez seja aconselhável fazer o download em pausa) acho que vale a pena vê-lo e ouvi-lo.
Zeca Afonso, sempre!
                                     Viva o 25 de Abril!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

ALMOÇO DOS REIS 2012

A direção do Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense levou a efeito, uma vez mais, no dia um de Abril último, o tradicional almoço-convívio dos reis, no salão da coletividade.
Em exposição ao público esteve a maqueta em gesso do Hotel Porta do Sol, de Caminha, construída em 1989 por Manuel Renda e seu sobrinho Alberto Constantino, agora restaurada por este último ( que também esteve no almoço), depois de ter sido oferecida ao GEPPAV por quem a encomendou, o construtor civil, Luis Silva.
Como vem sendo habitual, esta grandiosa confraternização, aberta a todos os vilarmourenses e para a qual são também convidados representantes de várias instituições locais e outros amigos, é o culminar de um processo que se inicia com a visita de uma grupo de
 tocadores e cantadores, a casa de todos os habitantes, no decorrer de Janeiro, entoando a muito “velhinha” música dos reis. Eu próprio integrei esse grupo, durante décadas, tocando vários instrumen- tos (flauta, bandolim, viola e acordeão) e acompanhando vocalistas de que me ocorre destacar, pelo seu carisma, pelo seu valor e pelos muitos anos em que participaram, os saudosos Mário Loureiro,   Armando Ranhada, Ilídio Alves (mais tocador de bandolim mas também cantador) e Gabriel Barros, infelizmente todos já falecidos, e o Manuel Gomes (Moledinho), agora “reformado”. Isto sem qualquer desprimor, naturalmente, para muitos outros, incluindo o Hernâni e o Jorge Barros ( que já foi presidente da associação), que desempenham papel preponderante no
 actual grupo e com os quais já toquei imensas vezes.
Com menos algumas pessoas que o ano passado, o salão apresentava-se, mesmo assim, muito bem composto, como se pode verificar pelas fotos que junto. Na mesa presidencial estiveram, para além do presidente do CIRV e como convidados, o vereador do pelouro da cultura da Câmara Municipal, a presidente da Junta de Freguesia, o deputado à Assembleia da República, Jorge Fão, o comandante da Capitania do Porto de Caminha, o comandante dos Bombeiros, um representante do Grupo Motard e Dantas Lima, atualmente programador de actividadaes teatrais e outros espetáculos na câmara de Ponte de Lima e um velho
 colaborador e bom amigo desta associação, durante muitos anos, tendo chegado a orientar ações de formação de teatro, enquanto funcionário do INATEL. Os quatro primeiros proferiram, concluído o repasto, breves palavras alusivas ao acontecimento que terminou, como também vem sendo prática habitual, com a actuação do grupo dos reis.
As minhas felicitações à direcção e a todos quantos contribuíram para que fosse possível concretizar mais uma edição de tão importante evento.

domingo, 8 de abril de 2012

MANIFESTAÇÃO “EM DEFESA DAS FREGUESIAS”

A Anafre – Associação Nacional de Freguesias, organizou uma manifestação de protesto contra a intenção governativa de extinguir, ou aglomerar, freguesias, acabando com muitas juntas.
Essa intenção foi dada a conhecer publicamente, numa  primeira fase, através do denominado Livro Verde que previa, a serem aplicados com rigor os critérios de ordem numérica nele definidos, o fim de cerca de 1 400 freguesias, em todo o país e mais de metade das do con-
celho de Caminha. Todavia, a contestação  generalizada por todo o lado (não nos esqueçamos que a maioria das freguesias têm juntas afetas ao  maior partido do governo  e que daqui a pouco mais de um ano há eleições autárquicas…) fez com que se verificasse um recuo do poder central sem que, todavia,  deixassem de continuar a ser impostos limites de ordem  puramente aritmética. Assim,  a Proposta de Lei 44/2012 de Reorganização Administrativa Territorial Autárquica, obriga à “aglomeração” de freguesias com menos de 150 habitantes e, no caso concreto do nosso concelho, classificado de nível 3, a uma redução de 25%  do seu número total.
 Estas duas exigências legais fariam com que, em Caminha, o número de freguesias baixasse, pelo menos, de 20 para 15, provavelmente à custa da “aglomeração” das três Argas (de Baixo, de Cima e de S. João) numa só,  e ainda  do “casamento forçado” de outras três (Azevedo? Orbacém? Cristelo? Gondar?...) com vizinhos de maior envergadura.
Foi contra esta decisão de o governo persistir em avançar com a imposição de limites elaborados a régua e esquadro, num qualquer gabinete de Lisboa, sem sequer  auscultar previamente os diretamente interessados, que são as populações locais, que a Anafre avançou com esta
grandiosa manifestação, que arrastou muitos e muitos milhares de pes- soas, do Minho ao Algarve, cerca de 200 mil, segundo a organização.
Apesar de também lá ter estado, não me atrevo a confirmar os números apresentados (quando ia a meio da contagem…distrairam-me e enganei-me…) mas posso garantir que o desfile formado junto ao Marquês de Pombal e que percorreu toda a Avenida da Liberdade, durante horas, até ao Rossio, foi impressionte, não só pelo elevadíssimo número de paricipantes mas sobretudo pela
beleza, pela arte e pela variadíssima representati- vidade etnográfica e cultural que dele emanava. Ali, sim, estava o Portugal profundo e o seu povo.
As fotos que junto, tiradas no percurso para Lisboa, na preparação, realização do desfile  e no encerramento, no Rossio, em que discursou Armando Vieira, Presidente do Conselho Diretivo da Anafre, são bem elucidativas do que acabo de escrever. Claro que não podia deixar de dar algum destaque a Vilar de Mouros, com sete pessoas presentes, incluindo três delegados da Assembleia Municipal e representantes de várias instituições locais
(Junta de Freguesia, Centro de Instrução e Recreio e Grupo Motard) mas também ao  concelho de Caminha e distrito de Viana do Castelo, de onde partiram, respectivamente,  cinco e quarenta camione- tas.
Esperemos que tanto esforço, empenho e entusiasmo tenham servido para algo e que os senhores que se julgam donos do país só porque, ocasionalmente, venceram umas eleições (não teriam sido os outros que as perderam, como amanhã vai acontecer, fatalmente, com estes?!)  reconsiderem, olhem cá para baixo dos seus poleiros e respeitem, por uma vez que seja, as pessoas mais humildes e carenciadas, muitas das quais até lhes confiaram o voto e que têm nas juntas que pretendem  extinguir o primeiro pronto-socorro para as suas  múltiplas necessidades.