O GEPPAV - Grupo de Estudo e Preservação do Património Vilarmourense, após sete anos de longo e profícuo trabalho, apresentou ao público, conforme prometido e no âmbito das comemorações de tão importante efeméride, a obra “Álbum de Memórias do Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense”
escolhendo para o efeito, com toda a oportunidade, o dia da realização do tradicional Almoço dos Reis. Foi uma ideia feliz e que terá beneficiado as duas iniciativas já que, ao marcar o lançamento do álbum para as 11 horas, houve a intenção evidente de permitir que as pessoas pudessem participar em ambas valorizando, com a sua presença, cada uma delas.
Esta acção decorreu nas instalações da associação, no sítio da Barrosa, lugar da Cavada, nesta freguesia de Vilar de Mouros, perante uma assembleia muito participada e presidida por uma mesa composta por Mário Ranhada, Paulo Bento, Sónia Fernandes e Flamiano Martins em representação, respectivamente, da direcção do CIRV, do GEPPAV, da Junta de Freguesia e da Câmara
Municipal de Caminha.
Após a abertura da sessão por Mário Ranhada, que manifestou toda a sua satisfação e orgulho pela riqueza histórica da instituição a que preside, coube a Paulo Bento a apresentação da obra agora editada. Fê-lo, como é seu timbre, de uma forma clara e entusiástica, prendendo com facilidade a atenção de uma vasta e interessada assistência. Num pequeno vídeo que junto, no final desta mensagem, com excertos dessa intervenção, encontra-se bem sintetizado o essencial da mesma. Um curto mas bem elucidativo resumo pode também ser consultado em http://geppav.blogspot.com/2011/03/geppav-apresentou-album-de-memorias-do.html mas, o que eu aconselho mesmo (passe a publicidade) é à aquisição e leitura da obra publicada e que se encontra à venda apenas por € 15, preço que considero insignificante para a sua excelente qualidade, sob todos os aspectos.
Intervieram depois Sónia Fernandes e Flamiano Martins tendo ambos elogiado o valiosíssimo trabalho que o GEPPAV vem desenvolvendo, desde a sua constituição, em 2004 e feito referência ao facto de, também eles, terem exercido, em tempos, funções associativas, no caso da primeira precisamente como presidente do CIRV, durante dois anos, em período ainda recente, tendo sido a primeira mulher, na história da associação, a ocupar tal cargo.
Ambos abordaram também as enormes dificuldades por que vêm passando, nos tempos correntes, este tipo de instituições, fruto
sobretudo duma profunda alteração no estilo de vida da sociedade actual, em especial das camadas mais jovens, que têm ao seu dispor uma imensidão de ofertas diferenciadas de entretenimento e uma grande facilidade de movimentação proporcionada pelo crescimento em flecha do parque automóvel.
Concluído o lançamento deste álbum seguiu-se o descerrar de uma lápide colocada no átrio da sede do CIRV, em homenagem a Armando Ranhada, falecido há cerca de ano e meio e grande dinamizador da construção deste edifício, inaugurado em 26/07/1986 pelo então primeiro ministro Aníbal Cavaco Silva. A pedido do seu
irmão e actual presidente da colectividade, Mário Ranhada, coube-me, na qualidade de presidente da assembleia geral, proferir algumas palavras acerca do homenageado. Fi-lo com todo o prazer mas não consegui evitar, dado os laços de amizade e estreito relacionamento que mantive com ele, alguma emoção e um certo embargo na voz. Realmente lidei e trabalhei conjuntamente com o Armando Ranhada durante muitos anos, no OVNI’s, grupo musical vilarmourense constituído pouco tempo após o 25 de Abril, no CIRV, tendo desempenhado diversos cargos directivos quando ele era presidente e na política onde, apesar de não partilharmos os mesmos ideais, sempre nos respeitámos, quer quando ele era poder
e eu estava na oposição quer quando a situação se inverteu. Homem dinâmico, perseverante e determinado, trabalhou muito para a freguesia e soube sempre rodear-se das pessoas que achava mais adequadas para alcançar os objectivos que tinha em vista, sem olhar à cor das camisolas de cada um. Hoje há cada vez menos gente assim e é pena. Mereceu, inteiramente, esta singela mas justíssima homenagem.
Não posso concluir sem uma palavra final para o GEPPAV. Este grupo de estudo tem desenvolvido, desde a sua criação e como secção autónoma do CIRV, uma actividade de um valor incalculável através do estudo, levantamento, registo e salvaguarda do
valiosíssimo património histórico e cultural vilarmourense. Não fora a acção de trabalho intenso destes “quatro mosqueteiros” em cujo êxito, estou convencido, pouca gente acreditaria à partida e muito daquilo que já hoje se encontra devidamente documentado nos três cadernos publicados até então correria sérios riscos de se perder para sempre. E, o que é mais espantoso, tudo isto graciosamente, tendo como única recompensa a satisfação do dever que a si próprios
impuseram!
Numa época onde a ganância, a mesquinhez, as vaidades, a inveja e o egoísmo pessoais parecem sobrepor-se, e de que maneira, a todos os outros valores, aqui está um exemplo em como as coisas podem ser bem diferentes, se todos, ou muitos, assim quisermos.
Parabéns GEPPAV.