Em resultado das eleições de 29 de Setembro último, foram empossados no dia 18 de Outubro os novos autarcas para a Câmara Municipal de Caminha e para a Junta de Freguesia de Vilar de Mouros. Para a primeira, às 18 horas, no Cineteatro Valadares e para a segunda à 21H30, na respetiva sala da assembleia.
No município
Não me tendo sido possível estar na sede do concelho, para assistir à tomada de posse do novo Presidente da Câmara, o socialista Miguel Alves, bem como dos restantes eleitos para aquele órgão e para a Assembleia Municipal, nem por isso posso deixar passar esta oportunidade para aqui manifestar a minha profunda satisfação pela mudança verificada no município, pondo termo a um ciclo de governação profundamente antidemocrático, como tantas vezes denunciei neste blogue e fora dele. O dia 29 de Setembro de 2013 dificilmente será esquecido por todos os caminhenses que põem valores como a dignidade, a justiça, a equidade e o direito de ter opinião, acima de quaisquer outros. Não tendo dúvidas de que a grande responsável por este clima de crispação, de tratamento desigual para “os amigos” e para “os outros”, quantas vezes de autêntica perseguição, foi a presidente cessante, Júlia Paula Costa (contra quem não tenho nada de pessoal, note-se) também não as tenho de que, sozinha, nunca conseguiria ter feito o que fez e alguns, talvez bastantes, terão, à sua sombra, usufruído de benesses e regalias de, pelo menos, muito duvidosa legitimidade ou mesmo legalidade. Assim e quando muitos (eu próprio tive sérias dúvidas, tenho de o admitir) atribuíam grande favoritismo ao PSD, até pelo eleitoralismo descarado de que se revestiram grande parte das iniciativas camarárias nos últimos meses de mandato, eis que uma enorme vaga de fundo varre o concelho, as pessoas ganham consciência da necessidade de mudança, confiam na mensagem de esperança que o Miguel Alves tão bem soube transmitir e dão-lhe uma vitória que, embora curta na diferença do número de votos – 261 – teve um mérito e um significado enormes, se atentarmos no verdadeiro fosso que separava a votação entre os dois partidos no ato eleitoral de 2009 e que lhe era, naturalmente, desfavorável: “apenas” 1754 votos! Brincando um pouco apetece-me dizer que…ia atrás 1754…passou para a frente 261…é só fazer as contas! E eu fi-las: numas eleições em que votaram 10 961 pessoas, conseguiu recuperar 2015 votos!
Na freguesia
Os vilarmourenses, pelo menos, não podem queixar-se de falta de opções de escolha! Foi uma farturinha: quatro listas para uma freguesia com 767 eleitores! Caso único num concelho onde freguesias em tudo semelhantes foram a votos com uma só lista! Dado que o total de inscritos nessas quatro listas ultrapassava, entre efetivos e suplentes, os oitenta, temos uma média de pouco mais de 8 eleitores para cada candidato! É obra! Curiosamente, eu, que sempre fiz parte das listas desde que há eleições pós 25 de Abril, desta vez fiquei, por opção, de fora. Expliquei o porquê na minha mensagem anterior e estou muito feliz por tê-lo feito. Acho que tenho uma certa propensão para remar contra a maré...feitios, como diria o Raul Solnado... uma questão de dignidade e de me recusar a pensar pela cabeça dos outros, digo eu, mesmo que à custa de eventuais prejuízos pessoais, da incompreensão de alguns e até da maledicência ou hostilidade de, felizmente, muito poucos.
Cada um é como cada qual, como diz o povo.
Mas voltemos às eleições.
Em Vilar de Mouros, votaram 562 pessoas, a saber:
CDU – 178 – 31,67%
PSD – 154 – 27,40%
PS – 120 – 21,35%
MIV (lista de independentes) – 88 – 15,66%
Votos brancos – 8
Votos nulos – 14
Não vou aqui tecer grandes comentários sobre estes números. Destaco apenas:
- o regresso da CDU às vitórias (há quatro anos perdeu por dois votos…) mas com uma diferença de apenas 24 votos para o PSD, o que obrigou à necessidade de entendi- mentos para poder constituir a Junta de Freguesia. Fê-lo, natural- mente, com o PS, como adiante se verá.
- a enorme dispersão de votos, o que me parece normal depois de uma campanha com uma intensidade e um envolvimento de tantas pessoas como não há memória;
- o elevado número de votos nulos e em branco (22 no total…), o que me parece sintomático e merecedor de uma profunda reflexão por parte de todos. É que, uma coisa é ficar em casa e não ir votar, talvez por comodismo, esquecimento, ou outra razão qualquer (fizeram-no 205 pessoas); outra bem diferente é a pessoa dar-se ao trabalho de se deslocar à secção eleitoral e, votando, dizer: “vim cá cumprir o meu dever de cidadania mas nenhum de vós me serve”.
Claro que as motivações de cada um só o próprio as saberá mas, em geral, não andarão muito longe disto e, em eleições para uma pequena freguesia, com quatro listas à escolha, onde todos se conhecem, estes números, só por si, não me parecem bom indicador.
O ato de posse foi uma sessão bastante participada, com a sala cheia e várias pessoas a terem de ficar de pé.
Miguel Alves, empossado nas suas novas funções de Presidente da Câmara duas ou três horas antes, fez questão de estar presente, gesto que considero de enorme importância por tudo aquilo que pode querer significar em termos da criação de laços de uma convivência sã e boa cooperação entre ambas as instituições.
Iniciados os trabalhos, o Presidente da Assembleia cessante, Mário Ranhada, procedeu à chamada e à instalação dos seguintes novos eleitos, conforme resultados obtidos:
- Carlos Alves e João Arieira, da CDU (2);
- Sónia Fernandes e José Carlos Fernandes, do PSD (2);
- Sónia Torres e Vitor Barrocas, do PS (2);
- João Filipe Lages, do MIV (1).
Cedendo, de imediato, a presidência provisória ao primeiro da lista mais votada, Carlos Alves, da CDU, os trabalhos prosseguiram até que, por proposta deste último, aprovada por maioria, a nova Junta de Freguesia passou a ter a seguinte constituição:
Presidente – Carlos Alves (CDU)
Vogais – Sónia Torres (PS)
João Arieira (CDU)
Feita a reconstituição da Assembleia de Freguesia, com a entrada de Amélia Guerreiro e Jorge Lages de Barros, da CDU, e Margarida Rocha, do PS, para substituição dos três elementos que passaram a integrar a Junta, passou-se à eleição da respetiva Mesa, que ficou, também aprovada por maioria, com a seguinte composição:
- Presidente – Amélia Guerreiro (CDU)
- 1º Secretário – Margarida Rocha (PS)
- 2º Secretário – Vitor Barrocas (PS)
Terminados os trabalhos e passando a Mesa a ser ocupada pelos três recém empossados, foi a altura de se proferirem umas breves alocuções, mais ou menos circunstanciais, alusivas ao ato, de que destaco, muito sucintamente, apenas as que me pareceram mais significativas:
- Amélia Guerreiro – sublinhou a importância de, pela primeira vez, estar presente num ato de posse nesta localidade o sr Presidente da Câmara, tendo-se congratulado com esse facto; apelou à união de todos e informou que a Mesa da Assembleia enviará aos delegados, atempadamente, todos os documentos a serem votados na sessão seguinte, podendo fazê-lo em formato digital a quem indicar o seu e-mail; (Nota: se a memória não me falha, e estou convencido que não, já cá esteve presente numa sessão de tomada de posse a presidente Júlia Paula. Fê-lo quando foi empossada a junta anterior, do PSD, não o tendo feito nas duas vezes em que foi empossada a junta CDU. Com sempre tratou todos com equidade..."à juliana", tratou-se de mais uma coincidência).
- Carlos Alves – agradeceu a presença do sr Presidente da Câmara, a que atribuiu importante significado, bem como o espírito de cooperação dos eleitos socialistas para o encontrar de uma boa solução para a Junta e Mesa da Assembleia; referiu a intenção de contar com o apoio e colaboração de todos no encontrar das melhores soluções para a freguesia e de estar muito mais interessado em olhar para o futuro do que para o passado;
- Miguel Alves – felicitou todos os eleitos, destacando a riqueza do debate político em Vilar de Mouros, no contexto concelhio; cumprimentou os que cessam funções e enalteceu os esforços que desenvolveram no trabalho que fizeram para a freguesia; referiu ser a primeira tomada de posse a que assiste muito pouco tempo depois de ele próprio ser empossado e que gostaria que este gesto, para já uma novidade, passasse a ser coisa normal e regular no futuro; destacou a importância de um bom espírito de colaboração entre município e freguesias, bem como a sua disponibilidade para delegar nelas o maior número possível de competências e respetivos recursos;
- Sónia Fernandes – manifestou alguma tristeza e desapontamento por não ter conseguido o apoio popular suficiente para continuar em funções, afirmando que fez, com a sua equipa, o melhor que lhe foi possível, que nem tudo terá sido como tão bom como ela própria gostaria, e terminou desejando ao novo executivo os maiores êxitos, oferecendo-se para ajudar em tudo que estiver ao seu alcance.
Vou ter de concluir, que o texto já vai longo, mas não posso fazê-lo sem eu próprio deixar de expressar aqui, também, os meus melhores cumprimentos e votos de felicidade aos elementos da junta cessante, por quem fui sempre tratado com todo o respeito e consideração e que, estou certo, fizeram o melhor que puderam pela freguesia.
Aos que iniciam este novo mandato, num período bem difícil de crise generalizada a nível nacional, apenas desejo uma coisa tão simples quanto isto: que passem das palavras aos atos! Se as ações corresponderem às intenções ora manifestadas, e espero e creio que sim, as coisas vão correr bem de certeza, até porque existem, à partida, excelentes condições relacionais para que isso suceda. Vamos todos fazer força nesse sentido, para bem de Vilar de Mouros e de Caminha.
Sei, sabemos, que a tarefa que os espera não é fácil, mas também sei, sabemos, que, se todos quiserem, muita coisa pode ser realizada. Assim os novos intérpretes do poder, quer a nível de concelho, quer de freguesia, tenham determinação, força e coragem para o conseguir. Pela minha parte só lhes posso desejar os maiores êxitos.